terça-feira, 10 de junho de 2008

Função Muscular

Resenha

Akima Hiroshi, Kano Yutaka Enomoto, Ishizu Masao, Okada Morihiko, Oishi Yoshie, Katsuta, Kuno Shin-Ya. Muscle Function in 164 men and women aged 20-84 yr. Medicine and Science in Sports and Exercise 33(2):220-226, 2001.

Já é bem estabelecido que, com o envelhecimento, há um declínio da massa e força musculares. Muitos estudos já demonstraram que idosos possuem torque e massa muscular menores em diversos grupos musculares. As medidas de torque geralmente são mensuradas através de dinamômetros isocinéticos, já as medidas de massa muscular geralmente são estimativas e são empregadas numa amostra pequena da população. Para um melhor parâmetro dessa medida, Akima e colaboradores (2001) empregaram, para determinar a massa muscular, uma técnica com imagem de alta resolução, a ressonância magnética (MR) e também avaliou o torque muscular, com o propósito de investigar a características funcionais dos músculos extensores e flexores de joelhos em 164 homens e mulheres de 20 a 84 anos de idade.
Os grupos foram divididos da seguinte maneira: 20s (20-39 anos de idade), 40s (40-49 anos de idade), 50s (50-59 anos de idade), 60s (60-69 anos de idade) e 70s (70-84 anos de idade). A avaliação da massa muscular foi realizada num corte da secção transversa do músculo quadríceps através de ressonância magnética. O pico de torque durante a extensão e flexão isométrica e isocinética de joelhos a 60, 180 e 300º.s-1 foi mensurado através de um dinamômetro isocinético (Cybex), sendo que as contrações isométricas foram realizadas durante 4 segundos na flexão e na extensão dos joelhos.
A análise de variância (ANOVA) foi utilizada para comparar os grupos divididos por idade, diferenças de sexo nas características físicas (altura e peso corporal) e torque muscular. Quando foram encontradas diferenças, foi aplicado o teste Scheffé´s post hoc para determinar as comparações específicas. Análise de regressão foi utilizada para avaliar as mudanças do pico de torque e força/secção transversa relacionadas à idade. P < 0,05 foi considerado estatisticamente significante.
Através das avaliações, verificou-se que homens e mulheres dos grupos 60s e 70s eram menores e mais leves que os indivíduos do grupo 20s. O pico de torque diminuiu com o envelhecimento em homens e mulheres, visto que o pico de torque isocinético na extensão de joelhos em todas as velocidades testadas (0, 60 e 180º.s-1) foi menor nos grupos 40s, 50s, 60s e 70s em relação aos 20s. Na flexão tanto em homens como em mulheres, o torque foi menor nos grupos 60s e 70s em relação aos 20s em todas as velocidades testadas (0, 60 e 180º.s-1).
Quando se analisou o declínio do torque em porcentagem por década, verificou-se que a partir dos 20 anos, em todas as velocidades testadas, a porcentagem de declínio na extensão de joelhos em homens e mulheres foi, respectivamente, de 12% e 8%. Na flexão de joelhos, em homens e mulheres foi de aproximadamente 11% e 8%, respectivamente.
Houve uma correlação entre a área de secção transversa do quadríceps do quadríceps e o torque em extensão máxima (0º.s-1) em homens (r = 0,827, P <0 0="" a="" br="" de="" do="" e="" em="" extens="" joelhos.="" logo="" m="" maior="" mulheres="" o="" p="" quanto="" r="0,657," rea="" sculo="" sec="" seria="" seu="" torque="" transversa="" xima="">Enquanto a maioria dos estudos compararam faixas de idade restritas, como jovens e idosos, o presente estudo avaliou uma grande faixa etária. Com isso verificou-se que a área de secção transversa e o pico de torque a 0º.s-1 diminuem linearmente com o envelhecimento, dando suporte à noção de declínio linear da força muscular com o avançar da idade. Portanto, os resultados demonstram que a massa muscular é o fator primário envolvido na capacidade de produção de força.
A perda de força observada nos testes isométricos e isocinéticos foi semelhante em ambos os sexos em todas as velocidades. Isso sugere que o envelhecimento provoca um declínio no torque semelhante em baixas e altas velocidades. Alguns estudos sugerem que há uma atrofia preferencial por fibras do tipo II ou na porcentagem da área dessas fibras. Além disso, outras investigações demonstram uma correlação entre força muscular e a porcentagem de fibras do tipo II ou da área dessas fibras, com a correlação sendo alta em altas velocidades. Contudo, no presente estudo, parece improvável que o tipo de fibra ou sua área seja o principal fator que determina o pico de torque durante extensão e flexão isométrica e isocinética de joelhos.
Muitos estudos demonstram relação entre o envelhecimento e a perda de força e a área de secção transversa do quadríceps, porém, em mulheres, não foi verificado essa relação, sugerindo que muitos fatores contribuem para a perda de força e da área de secção transversa, como:
- Recrutamento das fibras do quadríceps. Nem todas são recrutadas durante o processo de contração, podendo aumentar com poucas semanas de treinamento de força e não acompanhado por hipertrofia muscular.
- Modificações fisiológicas músculo-esqueléticas. Esse fator não foi mensurado no estudo (foram medidas anatômicas do quadríceps), como o ângulo de penação do músculo, que diminui com o envelhecimento. No entanto, 98% da força exercida pelas fibras individualmente é transferida ao tendão, sendo uma pequena quantidade exercida propriamente pelo músculo. Assim, o ângulo de penação do músculo não parece ser o maior fator afetado pelo envelhecimento que influencia a força e a área de secção transversa. Deve-se levar em consideração também o fato de idosos possuírem uma maior proporção de tecido conjuntivo que indivíduos mais jovens, diminuindo ainda mais a participação do músculo per se na produção de força.
- Mudanças na contractilidade relacionadas à idade. Essas alterações modificam força e área de secção transversa, diminuindo a tensão muscular nas fibras do tipo I e II, caracterizada pela expressão de cadeia pesada de miosina.
Portanto, sugere-se que tanto força como massa muscular declinam linearmente com o envelhecimento, com uma correlação entre área de secção transversa do quadríceps e pico de torque durante extensão de joelho isométrica em homens e mulheres. Além disso, embora força e área de secção transversa diminuam com o envelhecimento em homens, isso não é tão claro em mulheres. Esses resultados sugerem que a perda de força muscular possa ser principalmente devido a diminuição de massa muscular em ambos os sexos, considerando que em mulheres o declínio da função muscular possa ser devido a outros fatores neurais, como recrutamento de fibras e/ou tensão muscular.

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