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terça-feira, 10 de junho de 2008

Gravidez e Atividade Física

Revisão de Literatura
Gravidez e Atividade Física

A gravidez não deve ser encarada como um momento de inatividade e sedentarismo. Pelo contrário, excetuando-se as contra-indicações absolutas e ou alguns sinais específicos, as evidências demonstram que a mulher pode e deve se exercitar durante a gestação.
Logicamente, o corpo feminino passa por algumas modificações, que necessitam de maiores atenções no momento da prescrição do treinamento. Daí a necessidade de um treinamento individualizado elaborado por um profissional graduado em Educação Física, além de uma avaliação médica e nutricional completa.
Dentre algumas alterações podemos ressaltar:
- Aumento do peso corporal, que pode sobrecarregar as articulações;
- Alterações na postura, com acentuação na lordose lombar;
- Lassidão ligamentar, devido à ação de hormônios, como estrógeno e relaxina, aumentando a probabilidade de distensões e luxações;
- As necessidades energéticas aumentam por volta de 300 Kcal a partir da 13ª semana. Assim como o gasto energético torna-se aumentado em atividades em que há a necessidade se suportar o peso do corpo, devido ao aumento do peso corporal;
- Freqüência Cardíaca aumentada por volta de 20% durante o 2º e 3º trimestres;
- Queda da Pressão Aterial Sistólica e Diastólica. A Pressão Arterial média diminui entre 5-10 mmHg na metade do segundo trimestre, aumentando gradualmente até os níveis anteriores à gestação;
- Há um aumento por volta de 10-20% no consumo de oxigênio em repouso, entretanto tanto a carga quanto a performance máximas são diminuídas. Entretanto em mulheres treinadas antes da gestação parece não haver modificações na capacidade aeróbica máxima;
- A taxa metabólica basal e a produção de calor aumentam. Por isso, a atenção deve estar redobrada no que se refere à temperatura do ambiente e à reposição hídrica durante o exercício. Além de evitar a realização de exercícios em ambientes quentes e úmidos, para evitar hipertermia e, conseqüentemente, más formações fetais (a temperatura do feto é cerca de 1ºC maior que a da mãe).
Além das modificações no corpo materno, temia-se que o exercício causasse danos ao feto, como a diminuição do fluxo sangüíneo durante o exercício pela placenta, interferindo na nutrição e, conseqüentemente, no desenvolvimento do feto. Porém, não há evidências de que, durante o exercício moderado, ocorra uma diminuição significativa e duradoura do fluxo sangüíneo fetal. Assim como não há evidências de que os exercícios provoquem partos prematuros.
Ainda no que se refere ao fluxo sangüíneo na placenta, os exercícios na água demonstram serem uma boa alternativa. Isso porque durante a imersão há uma redistribuição do fluxo sangüíneo, que vai da periferia para regiões mais centrais, incluindo o útero, provendo uma maior nutrição ao feto durante o exercício. Além disso, a água é um meio eficiente de dissipação de calor durante o exercício, diminuindo os riscos de hipertermia no calor.
O exercício também pode ser um fator de prevenção do diabetes gestacional, assim como manutenção da glicemia. Em mulheres que já possuam o quadro de diabetes gestacional, a prática de exercícios físicos pode isentá-las do uso de insulina.
As evidências demonstram também que exercícios resistidos (musculação) podem ser uma excelente ferramenta para evitar ou diminuir dores nas costas, comuns nos últimos meses de gestação.
Muitas das alterações fisiológicas e morfológicas que ocorrem durante a gravidez persistem por, aproximadamente, quatro a seis semanas após o parto. Assim, a rotina de exercícios deve ser retomada gradualmente no período pós-parto. A atividade física deve ser retomada tão logo quanto for clinicamente seguro, o que varia individualmente. Uma redução de peso moderada durante a amamentação é segura e não compromete o ganho de peso neonatal. Um grande desequilíbrio entre ingesta e gasto energéticos pode provocar alterações na fluidez ou cessar a produção de leite.
É recomendado que as mulheres amamentem seus filhos antes da atividade física, a fim de evitar o desconforto dos seios maiores. Essa prática também evitar problemas com a acidez do leite causado por exercícios anaeróbicos (devido ao lactato). O retorno à atividade física após a gravidez está associado à diminuição da depressão pós-parto, mas apenas se o exercício contribuir para aliviar o estresse e não aumentá-lo.
Deve-se ressaltar a importância da avaliação clínica antes do início da atividade física durante a gravidez ou no período pós-parto. A prescrição de exercício requer um conhecimento dos riscos potenciais e avaliação da capacidade física. Cuidados rotineiros pré-natais são suficientes para monitorar o programa de exercícios. Tomados esses cuidados, mãos à obra e tenha um bom programa de exercícios!!

Referências:

Arena Bruno, Nicola Maffulli. Exercise in Pregnancy: How Safe Is It? Sports Medicine and Arthroscopy Review - Vol. 10 (1), 2002.
Artal R, M O'Toole, S White. Guidelines of the American College of Obstetricians and Gynecologists for exercise during pregnancy and the postpartum period. Br. J. Sports Med.; 37:6-12, 2003.
VERN L. KATZ. Exercise in Water During Pregnancy. Clinical Obstetrics and Gynecology; 46(2):432–441.