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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A utilização e reposição de glicose pelo organismo


Em atividades intensas, entre 20 segundos e 5 minutos de esforço máximo (uma intensidade em que você não consiga manter por mais de 20 segundos ou 5 minutos, por exemplo), utilizamos a glicose de forma anaeróbia como fonte de energia predominante. Então ocorre o acúmulo de lactato, os íons hidrogênio acidificam o meio biológico, entramos em fadiga (sentindo uma certa "ardência" no tecido muscular) e inciamos uma hiperventilação. Essa glicose provém principalmente do glicogênio muscular e, conforme as reservas musculares forem depletadas, há o aumento da utilização da glicose sanguínea, captada pelo tecido muscular.

No pós-exercício, a captação de glicose pelo músculo não é para a utilização como fonte de energia, mas para a reposição do glicogênio muscular. Aliás, no simples processo de estocar glicose no músculo como glicogênio, há também gasto de energia (por isso, mesmo ingerindo glicose pós-exercício, esse é um dos inúmeros motivos para o gasto energético mais alto após exercícios de alta intensidade). Em exercícios com intensidade em que a glicose é utilizada de forma aeróbica (entre 5 e 20 minutos máximos), ela advém principalmente da corrente sanguínea, captadas pelas fibras oxidativas. 

A repleção do glicogênio muscular é dividida em duas fases:

Primeira fase
Corresponde aos 45 a 60 minutos pós-exercício. Tanto a permeabilidade da célula muscular quanto a atividade da enzima glicogênio sintetase (enzima que atua na ressíntese do glicogênio muscular) encontram-se elevadas, assim a ressíntese do glicogênio ocorre rapidamente (12 a 30 mmol/L/h). Essa fase deve-se iniciar logo após o término do exercício, pelos seguintes motivos:
- fluxo sanguíneo aumentado, facilitando a chegada de nutrientes para a célula muscular;
- os receptores celulares de insulina estão mais sensíveis, promovendo maior influxo de glicose e síntese de glicogênio;
- o número de transportadores de glicose que se ligam à insulina no tecido muscular (Glut4) permanecem translocados para a membrana por 4 horas após o término do exercício, promovendo maior captação de glicose  (e esse é um dos maiores benefícios do exercício para diabéticos tipo II);
- a enzima glicogênio sintetase (que atua na síntese de glicogênio) encontra-se com sua atividade aumentada por 2 horas após o término do exercício.
Nessa fase, o índice glicêmico dos alimentos ingeridos pode ser um pouco mais alto. Como nessa fase, a captação de glicose pelo tecido muscular é alta, ele é capaz de utilizar uma quantidade maior de glicose num espaço de tempo menor.


Segunda Fase
A captação de glicose é bem mais lenta (aproximadamente 3 mmol/L/h), é dependente de insulina e prossegue até que a concentração de glicogênio muscular esteja próxima dos valores normais (geralmente, dentro de 24 horas). Essa fase, portanto, apresenta um aumento da ação da insulina. Por isso, muito cuidado com o índice glicêmico dos carboidratos nessa fase. Uma vez que uma grande quantidade de carboidratos entrando na corrente sanguínea num curto espaço de tempo (alimentos com índice glicêmico alto) pode ser maior que capacidade de captação pelo tecido muscular, esse excesso, é armazenado em forma de gordura (a insulina estimula a síntese de glicogênio muscular, mas também estimula a lipogênese - síntese de triglicerídeos). 

De qualquer forma, consulte seu nutricionista e/ou nutrólogo. Somente eles serão capazes de instruir qual a quantidade exata e o índice glicêmico dos alimentos apropriados para seu objetivo, seja aumento de peso e massa muscular, seja emagrecimento. Entenderam a importância de consultar os profissionais, cada um em sua área para atuação em conjunto? Você pode ter como objetivo emagrecer, fazer um treino excelente, mas se ingerir algum alimento com determinado índice glicêmico na hora errada, pode atrapalhar seu objetivo. Ou até pode ingerir um alimento com índice glicêmico apropriado, mas com a carga glicêmica alta (que mede não só a velocidade de digestão em glicose, mas a quantidade de carboidratos em cada alimento) pode igualmente atrapalhar seus objetivos.

Referência

Filho, Durval RIbas; Suen, Vivian Marques Miguel. Tratato de Nutrologia. Editora Manole, 2013.