quinta-feira, 27 de junho de 2013

Cadência de movimento, hipóxia e hormônios

Há alguns post anteriores comentei que, recentemente, os estudos têm encontrado maior correlação de hipertrofia muscular com as respostas agudas de Hormônio do Crescimento (Gh) e IGF-1 após o treino do que com as respostas agudas de testosterona. Como também já postei aqui sobre treinamento de força de força com oclusão vascular (provocando  hipóxia ou falta de oxigênio no músculo), mais pesquisadores têm demonstrando aumentos agudos significativos de Gh em exercícios que provocam hipóxia muscular.
Em 2006, por exemplo,  Tanimoto e colaboradores usaram 24 homens, divididos em grupos de movimento lento (50% de 1 repetição máxima – RM - , 3 segundos na fase excêntrica e 3 segundos na fase concêntrica do movimento, com 1 segundo de isometria, sem relaxar a musculatura), alta intensidade (80% de 1RM, 1 segundo em cada fase do movimento, com 1 segundo de pausa, descansando a musculatura) e o grupo de baixa intensidade (50% de 1RM com a velocidade de movimento igual ao do grupo de alta intensidade). Os grupos de movimento lento e  alta intensidade obtiveram aumentos na massa muscular e força máxima. O grupo com movimentos lentos apresentou maior atividade e restrição de oxigênio nos músculos.
Analisando pela mesma porcentagem de carga (50% 1RM) e em idosos, Watanabe e colaboradores (2013) mostraram que ambas as cadências de movimento fez com que a amostra aumentasse força, mas o grupo que realizou os movimentos numa cadência mais lenta obteve maiores ganhos de massa magra.

Então, pessoal. Desde o início desse século, um grupo de japoneses tem pesquisado sobre os efeitos da hipóxia muscular durante os treinos nas respostas de hipertrofia muscular. Tenho estudado esse assunto desde essa época. E, na prática, tenho obtidos bons resultados.  Ainda não há um consenso sobre as causas desse fenômeno, mas acredito que em breve teremos muitas novidades por aí.
Bons treinos!


Referências

Tanimoto M, Ishii N. Effects of low-intensity resistance exercise with slow movement and tonic force generation on muscular function in young men. J Appl Physiol. 2006 Apr;100(4):1150-7. Epub 2005 Dec 8.

Watanabe Y, Tanimoto M, Ohgane A, Sanada K, Miyachi M, Ishii N. Increased muscle size and strength from slow-movement, low-intensity resistance exercise and tonic force generation. J Aging Phys Act. 2013 Jan;21(1):71-84. Epub 2012 Jul 24.


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Hormônios e Hipertrofia Muscular

Recentemente, alguns estudos apareceram questionando o papel da elevação transitória da testosterona na hipertrofia do músculo esquelético. Importante ressaltar que não estou me referindo ao uso de esteróides, mas sim à elevação natural que ocorre em alguns hormônios, inclusive a testosterona, após uma sessão de treino de força.
Os defensores dessa teoria acreditam que a testosterona aumentada após o treino sinalizaria uma maior síntese proteica no tecido muscular. Entretanto, por exemplo, no estudo recente de West & Phillips (2012) encontramos correlação do Hormônio do Crescimento e (pasmem!) Cortisol (aquele que todos marombeiros de plantão temem, por ser considerado catabólico) com o aumento de massa muscular. De forma aguda (durante e logo após o treino) e não de forma crônica, é lógico que o cortisol aumente de acordo com a intensidade do treino, já que degradamos proteína e glicogênio durante o treino. Mas os autores não encontraram a mesma correlação entre testosterona livre e massa muscular.
Noutro estudo, realizado em ratos, Aguiar e colaboradores (2013) encontraram correlação entre o fator de crescimento miogênico e IGF-1 (ambos atuam regulando o crescimento das células musculares, sendo o IGF-1 estimulado pelo Hormônio do Crescimento) com o aumento de massa muscular. Principalmente no que se refere a adaptações crônicas ao treino de força.
Acredito ainda não termos um consenso sobre o papel das alterações hormonais transitórias induzidas pelo treino de força na hipertrofia muscular. Muito menos podemos descartar o papel da testosterona no momento em que se elabora um treino. Porém, a ciência indica outros marcadores muito importantes também envolvidos nas adaptações ao treino de força.

Bons Treinos!


Referências:

Aguiar AF, Vechetti-Júnior IJ, Alves de Souza RW, Castan EP, Milanezi-Aguiar RC, Padovani CR, Carvalho RF, Silva MD. Myogenin, MyoD and IGF-I regulate muscle mass but not fiber-type conversion during resistance training in rats. Int J Sports Med. 2013 Apr;34(4):293-301. doi: 10.1055/s-0032-1321895. Epub 2012 Oct 11. Morphology, Univ Estadual Paulista (UNESP), Botucatu, Brazil

West DW, Phillips SM.  Associations of exercise-induced hormone profiles and gains in strength and hypertrophy in a large cohort after weight training. Eur J Appl Physiol. 2012 Jul;112(7):2693-702. doi: 10.1007/s00421-011-2246-z. Epub 2011 Nov 22.

terça-feira, 4 de junho de 2013

A musculação e o "PUMP".

Quando as pessoas treinam com pesos, um dos sinais agudos mais proeminentes é aquela sensação de inchaço muscular. Normalmente, os chamados “marombeiros” adoram essa sensação (e também reclamam quando ela desaparece). Por outro lado, algumas mulheres (nem todas) não gostam por se sentirem “inchadas”, achando que poderão aumentar muito a massa muscular.  
Bem, vamos com calma então e explicar o que é esse fenômeno. Vulgarmente é chamado de “pump”, mas na realidade chamamos de “recrutamento vascular muscular periférico localizado". Exatamente nesse momento não está se ganhando massa muscular, mas é um bom indício de que seu treino proporcionou um bom estímulo para síntese proteica.
De modo simples, durante o treino provocamos lesões no tecido muscular (a grosso modo você está destruindo suas proteínas musculares, perdendo massa muscular!). E, no processo de recuperação, o corpo procura produzir fibras musculares mais fortes, a fim de se proteger contra outro estímulo. Esse processo é chamado de supercompensação. Então, o pump que se sente durante o treino nada mais é que um processo inflamatório muscular, pois seu músculo lesionado, está sob ação dessas substâncias inflamatórias (interleucinas), além haver uma derivação de sangue para a região (recrutamento vascular) e aumento de temperatura na região. Por isso está inchado. Então, o “pump” não é exatamente um marcador de síntese proteica otimizada, mas pode ser uma das ferramentas para observar se o treino provocou um bom estímulo para tal.
E quanto a algumas mulheres, com medo de “engordarem”, fiquem tranquilas. Podem treinar e procurar otimizar o “pump”, vocês não vão ficar como culturistas apenas treinando, alimentando e suplementando corretamente. Claro que digo isso apenas para as que ainda têm desconfiança quanto a isso.
No mais, bons treinos e um ótimo “pump” a todos!