Uma cena extremamente comum nas academias, ainda mais nessa
época do ano, perto do verão, é ver as pessoas desesperadas atrás do prejuízo
causado pelo sedentarismo do inverno. Aí vemos pessoas horas nas academias, acreditando no “mais é o melhor”. Enquanto isso seus níveis de
cortisol vão às alturas. E, principalmente, pessoas querendo erguer muito peso
e com uma técnica sofrível.
O treino para hipertrofia muscular, baseado no que os
culturistas profissionais utilizam, é diferente do treino utilizado em esportes
de força e potência, como o halterofilismo. Os culturistas querem estressar a
musculatura ao máximo, lesionar as fibras musculares e, para isso, recrutar o
maior número possível delas. O halterofilista precisa mover o peso do ponto A ao
ponto B, de acordo com as técnicas de competição. E ponto!
Aí alguém pode dizer na academia, "olha aquele cara enorme, ele coloca muito peso e faz a série rápido!" (e algumas vezes todo torto e compensando com outros músculos também). Desculpe, mas aquele cara ali usou esteróides mais do que você pode imaginar (rsrsrs) . Imagina o tamanho que ele estaria se treinasse direito?! Fora que ninguém deve depender de esteróides para se ter algum resultado.
Vamos entender a diferença. Então, sobre estresse
muscular, vou tentar falar de maneira simples sobre estímulos para síntese
proteica, o que vai fazer seu músculo crescer. Segundo Burd e cols (2010), o
estimulo para a síntese miofibrilar parece estar relacionado com o recrutamento
de fibras musculares, em que o exercício é realizado até a fadiga, ocorrendo um recrutamento máximo dessas fibras. Num estudo desse mesmo autor em 2012, um dos
grupos testados realizaram a contração excêntrica em 6 segundos e o outro
realizou o treinamento tradicional. A taxa de síntese de proteica aumentou 2,4
vezes acima do repouso entre 24-30 horas pós-treino para o grupo que fez a
contração excêntrica mais lentamente, contra em torno de 1 a 1,5 do grupo
tradicional. No que chamamos de hipertrofia sarcoplasmática, o grupo que
concentrou na contração excêntrica também apresentou maior síntese de proteínas
no sarcoplasma (citoplasma muscular) por volta de 1,8 vezes acima das taxas de
repouso. Com isso, os autores observaram que o princípio do recrutamento de
fibras musculares pelo tamanho em séries até a fadiga musculares é
potencializada quando o tempo sob tensão é maior. Ou seja, não adianta você
colocar mais peso do que deveria e realizar a série rápido (menos de 25-30
segundos, clique aqui), sem estimular o recrutamento de fibras musculares em
toda extensão do músculo simplesmente jogando o peso durante a série (o que
chamamos de momentum, ou simplesmente o “embalo”).
Esse estudo também demonstrou que a síntese proteica está
relacionado à ingestão de nutrientes pós-treino. E, novamente, a ingesta de
nutrientes e sua síntese proteica está relacionada ao recrutamento de fibras
musculares.
Ratamess e cols (2009) afirma que o recrutamento de unidades
motoras é mais importante que a carga em si, pois é esse fator que irá gerar as
respostas anabólicas ao exercício. Portanto, treino INTENSO, até a fadiga
momentânea e com TÉCNICA, por favor! Não precisa necessariamente realizar a contração excêntrica em seis segundos, como no estudo citado, mas aproveitem essa fase do movimento, onde ocorrem as microlesões no tecido muscular.
Observem nesse vídeo, fiz a excêntrica entre 3 a 4 segundos e o tempo sob tensão ficou em quase 40 segundos. Quase o dobro do que já cronometrei na maioria das pessoas (sim, já cronometrei a série de muita gente). E, para entenderem melhor sobre tempo sob tensão, recomendo a leitura: http://personalrafael.blogspot.com/2013/08/metabolismo-e-tempo-sob-tensao.html
Referências:
Burd NA,West DW, Staples AW, Atherton PJ, Baker
JM,Moore DR, Holwerda AM, Parise G, Rennie MJ, Baker SK & Phillips SM
(2010b). Low-load high volume resistance exercise stimulates muscle protein synthesis
more than high-load low volume resistance exercise in young men. PLoS One 5, e12033.
Nicholas A. Burd, Richard J. Andrews, DanielW.D.West,
Jonathan P. Little, Andrew J.R. Cochran, Amy J. Hector, Joshua G.A. Cashaback,
Martin J. Gibala, James R. Potvin, Steven K. Baker and Stuart M. Phillips. Muscle
time under tension during resistance exercise stimulates differential muscle
protein sub-fractional synthetic responses in men. J Physiol 590.2 (2012) pp
351–362 351
RatamessNA, Alvar BA, Evetoch TK, Housh TJ, Kibler WB,
Kraemer WJ & Triplett NT (2009). American College of Sports Medicine position
stand. Progression models in resistance training for healthy adults. Med Sci
Sports Exerc 41, 687–708.
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