quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Dica de Treino - Rosca Bíceps Scott

Uma dica rápida.

Pessoal, o objetivo do exercício bíceps scott é isolar o máximo possível o músculo bíceps braquial. Então, encaixe bem os ombros e tentem movimentar somente os cotovelos. Não coloquem carga excessiva para não fazerem quase uma elevação frontal de ombros. Você treina para você, não para os outros.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Intervenções para otimizar hipertrofia muscular - Parte 06 - Programas e variáveis de treinamento

Antes de começar a última parte da resenha sobre esse artigo, confesso que me orgulhei do meu trabalho ao ler essa parte. Porque, como há anos venho falado do treinamento de alta intensidade como o mais eficiente para perda de gordura, mais uma vez, através da pesquisa e atenção no que há de novo surgindo na literatura científica (como os links que seguem mostram, observem as datas das publicações), consigo antecipar o que se fará num futuro próximo. Como eu sempre digo, livros são importantes, mas demoram para serem feitos e publicados; os artigos temos acesso a eles assim que são publicados. Venho falado há tempos sobre tempo de tensão (e não apenas número de repetições das séries) e fadiga muscular como um dos norteadores da prescrição de treinamento. Algumas pessoas estranham me ver cronometrando as séries enquanto treino e enquanto dou aula. Mas quem disse que precisamos ser iguais à maioria para fazer algo bom?

Leia também: 



Robert W. Morton, Chris McGlory and Stuart M. Phillips. (2015). Nutritional interventions to augment resistance training-induced skeletal muscle hypertrophy. Frontiers in Physiology. 6:245

Diferentes adaptações musculo-esqueléticas são provocadas pelo treino de força (vulgo musculação) quando comparado ao exercício aeróbico. 
Manipulando diferentes variáveis no treino de força, pode-se influenciar as respostas anabólicas agudas e crônicas. Por exemplo, indivíduos jovens treinados receberam 20 g de whey protein pós-treino, um grupo treinou com um tempo sob tensão maior (12 segundos por repetição) e outro com um tempo sob tensão menor (2 segundos por repetição). O grupo que treinou com maior tempo sob tensão apresentou maior taxa de síntese protéica pós-exercício (Burd e colaboradores, 2012). Espeficamente nesse estudo, os autores encontraram maior aumento na síntese proteica sarcoplasmática (0 a 6 horas pós-treino), mitocondrial (0-6 e 24-30 horas) e miofibrilar (24-30 horas) no grupo com maior tempo sob tensão. Vale ressaltar que ambos os grupos utilizaram a mesma carga relativa. A análise eletromiográfica (atividade elétrica do músculo) indicou que o grupo com maior tempo sob tensão apresentou maior atividade muscular e presumivelmente maior fatiga muscular. Os autores especularam que a maior resposta na síntese proteica no grupo com maior tempo sob tensão seja resultado do maior recrutamento de unidades motoras, correlacionado às microlesões musculares (Proske & Morgan, 2001).


Interessante que noutro estudo (Burd e colaboradores, 2010), atletas recreacionais que realizaram extensão de joelhos a 30 ou 90% de uma repetição máxima (1 RM) até a falha concêntrica apresentaram a mesma taxa de síntese proteica pós-exercício. Após 24 horas, a síntese continuou aumentada no grupo de 30% RM. Obviamente, o grupo de 30% RM realizou mais repetições e conseguiu um tempo sob tensão maior nas séries.
Outro estudo (Mitchell e colaboradores, 2012) investigaram o mesmo princípio por 10 semanas de treino em indivíduos saudáveis, mas não treinados. Apesar do tempo sob tensão não ter sido mensurado, verificou-se que, independente da carga utilizada, realizar as séries até a falha concêntrica resulta em hipertrofia muscular. A fadiga parece ser um fator importante para estimular a hipertrofia muscular, podendo-se manipular o tempo sob tensão e a carga utilizada.
Em contraste com as recomendações do American College of Sports Medicine (2009), os autores propõem uma importante variável a se considerar para otimizar a síntese proteica e a hipertrofia muscular, realizar as séries até a fadiga muscular, independente da carga utilizada.
A falha concêntrica, particularmente quando se utiliza cargas menores, frequentemene ocorre  sob intensa fadiga e ativação de unidades motoras. Essa ativação refere-se tanto ao tamanho quanto a quantidade de unidades motoras recrutadas. O termo "fadiga muscular" é frequentemente mal interpretado. Fadiga é a inabilidade de produzir uma força máxima; assim, fadiga é a inabilidade de recrutar unidades motoras para gerar a força máxima requerida (Dorfman e colaboradores, 1990). A fadiga muscular é alcançada pela ativação e exaustão de todo quadro de unidades motoras (e assim, todos tipos de fibras), requerindo um alto grau de esforço. Os autores propõem a manipulação de diversas variáveis do treinamento de força para estimular a hipertrofia, não simplesmente realizar as séries até a fadiga muscular.
 Tradicionalmente, cargas maiores (70-100% RM) são recomendadas para estimular a hipertrofia muscular (American College of Sports Medicine, 2009), por aumentar a carga mecânica e o recrutamento de fibras. Contudo, com a fadiga das unidades motoras, outras são recrutadas para manter o nível de força requerido (abro um parênteses aqui para lembrar que isso se chama princípio do recrutamento de unidades motoras). Por isso, pelo menos em parte, a eletromiografia mostra maior ativação muscular quando se alcança a fadiga muscular (Dorfman e colaboradores, 1990) e similar hipertrofia é verificada com cargas externas variáveis (Schoenfeld e colaboradores, 2014). Embora cargas menores podem inicialmente não recrutar unidades motoras maiores (que inervam fibras musculares rápidas) como cargas altas, a fadiga muscular de unidades motoras menores (que inervam fibras musculares lentas) faz com que unidades motoras maiores sejam ativadas. Então, se as unidades motoras em ambos os casos são ativadas, é razoável que adaptações de hipertrofia muscular similares ocorram (Schoenfeld e colaboradores, 2014).
É ingênua a prescrição somente de cargas moderadas a altas para induzir hipertrofia muscular, como faz o American College of Sports Medicine (2009). Por isso, acredito que num futuro próximo, a idéia de "zonas de hipertrofia", "zonas de resistência muscular"  não vão ser mais as bases para a prescrição de treinamento. Pelo contrário, se tem uma infinidade de variáveis para estimular hipertrofia muscular e planejar uma periodização. Vamos levar em conta a fadiga muscular (para otimizar os resultados, não estou tratando do indivíduo que deseja treinar sem maiores pretensões) e o tempo sob tensão (deixando um pouco de lado os "números mágicos" de 8, 10, 12 repetições, como se célula muscular soubesse contar).
Assim como há alguns anos eu insistia no treino de alta intensidade para perda de gordura (e hoje o HIT virou moda), mais uma vez insisto que o tempo sob tensão nas séries deve ser levado em conta e, não necessariamente a carga externa seja o fator mais importante para hipertrofia muscular, mas a fadiga muscular.

Referências

American College of Sports Medicine. (2009). Progression models in resistance training for healthy adults. Med. Sci. Sports Exerc. 41, 687–708. doi:10.1249/MSS.0b013e3181915670

Burd, N. A., Andrews, R. J., West, D. W. D., Little, J. P., Cochran, A. J. R., Hector, A.J., et al. (2012). Muscle time under tension during resistance exercise stimulates differential muscle protein sub-fractional synthetic responses in men. J. Physiol. 590, 351–362. doi: 10.1113/jphysiol.2011.221200

Dorfman, L. J., Howard, J. E., and McGill, K. C. (1990). Triphasic behavioralresponse of motor units to submaximal fatiguing exercise. Muscle Nerve 13,621–628. doi: 10.1002/mus.880130711

Burd, N. A., West, D. W. D., Moore, D. R., Atherton, P. J., Staples, A. W., Prior, T., et al. (2011). Enhanced amino acid sensitivity of myofibrillar protein synthesis persists for up to 24 h after resistance exercise in young men. J. Nutr. 141, 568–573. doi: 10.3945/jn.110.135038

Burd, N. A., West, D. W. D., Staples, A. W., Atherton, P. J., Baker, J. M., Moore, D. R., et al. (2010). Low-load high volume resistance exercise stimulates muscle protein synthesis more than high-load low volume resistance exercise in young men. PLoS ONE 5:e12033. doi: 10.1371/journal.pone.0012033

Mitchell, C. J., Churchward-venne, T. A., West, D. W. D., Burd, A., Breen, L., Baker, S. K., et al. (2012). Resistance exercise load does not determine trainingmediated hypertrophic gains in young men. J. Apply Physiol. 113, 71–77. doi: 10.1152/japplphysiol.00307.2012

Proske, U., and Morgan, D. L. (2001). Muscle damage from eccentric exercise: mechanism, mechanical signs, adaptation and clinical applications. J. Physiol. 537, 333–345. doi: 10.1111/j.1469-7793.2001.00333.x

Schoenfeld, B. J., Wilson, J. M., Lowery, R. P., and Krieger, J. W. (2014). Muscular adaptations in low- versus high-load resistance training: a meta-analysis. Eur. J. Sport Sci. doi: 10.1080/17461391.2014.989922. [Epub ahead of print].

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Extensão no solo (extensão lombar)


Extensão no solo (extensão lombar) é um exercício que vejo muitas pessoas realizarem na academia e nos parques, com o objetivo de fortalecer os músculos eretores da coluna (e, de fato, ele cumpre seu papel). Embora alguns insistam em realizar exercícios físicos por conta própria e pior, alguns profissionais não prestam atenção em alguns detalhes, vamos lá.
Há uma lenda universal dos 90 graus, onde para tudo a limitação do movimento é em 90 graus. Porém, esquecem de algo que, raras exceções, não deve ser feito: hiperextensão.



> No caso específico do exercício em questão, há uma compressão discal significativa na região lombar (por volta de L4-5) ao se realizar hiperextensão.
> A hiperextensão aumenta a carga nas facetas articulares, comprimindo o ligamento interspinhoso.


Observem a anatomia de uma vértebra (as facetas e o ligamento interespinhoso) e o que acontece durante a hiperextensão

> Caso haja hérnia de disco, dependendo de sua localização e em quaisquer estágios, deve-se evitar hiperextensões da coluna com sobrecarga.

O que deveria ser feito então? Estratégias para que a coluna fique numa posição mais neutra possível, como se segue nas figuras. Pode-se usar um aparato sob o tronco para que se faça extensão e, ao final do movimento, a coluna permaneça em posição neutra. No caso do apoio inclinado, fica mais complicado do indivíduo ter a percepção corporal de que sua coluna esteja em posição neutra.

Os traços preto representam onde a coluna ficaria em posição neutra

Observem a coluna em posição neutra com o apoio inclinado

Por isso venho insistindo sobre isso, atividade física não é brincadeira, é coisa séria. E deve ser prescrita por um profissional.


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Ingerir gordura para queimar gordura: Triglicerídeos de cadeia média

Triglicerídeos de cadeia média (MCTs ou TCMs)

Os triglicerídeos de cadeia media (TCM), presentes no óleo de coco e em alguns suplementos, por exemplo, são triglicerídeos com ácidos graxos com cadeia variando entre 6 e 10 carbonos. Os TCMs diferem dos outros triglicerídeos por serem relativamente solúveis em água e, com isso, rapidamente hidrolisados e absorvidos. Devido a essas propriedades, são menos suscetíveis à ação da lipase hormônio-sensível e à deposição no tecido adiposo (Clegg, 2010). Por isso, esses triglicerídeos são estudados por seus benefícios na saúde e no exercício.


Comparando com a suplementação de triglicerídeos de cadeia longa, St-Onge e cols (2003) demonstraram que o grupo suplementado com TCM apresentou maior perda de gordura, especialmente da gordura subcutânea, maior aumento do metabolismo e da oxidação de gordura. Igualmente comparando os ácidos graxos de cadeia longa e TCMs,  Zhang e cols (2009) encontraram maior diminuição da gordura corporal, triglicérides e LDL (colesterol ruim). No caso da amostra, composta por diabéticos, houve melhora na sensibilidade à insulina.

Dessa forma, os triglicerídeos de cadeia média se mostram uma opção de baixo custo e eficaz para perda de gordura e melhora da saúde.

Referências
Clegg ME. Int J Food Sci Nutr. 2010 Nov;61(7):653-79. doi: 10.3109/09637481003702114.
Medium-chain triglycerides are advantageous in promoting weight loss although not beneficial to exercise performance. Metabolism. 2007 Jul;56(7):985-91.

Han JR, Deng B, Sun J, Chen CG, Corkey BE, Kirkland JL, Ma J, Guo W. Effects of dietary medium-chain triglyceride on weight loss and insulin sensitivity in a group of moderately overweight free-living type 2 diabetic Chinese subjects.

St-Onge MP, Ross R, Parsons WD, Jones PJ. Medium-chain triglycerides increase energy expenditure and decrease adiposity in overweight men. Obes Res. 2003 Mar;11(3):395-402.

Zhang YH, Liu YH, Zheng ZX, Wang J, Zhang Y, Zhang RX, Yu XM, Jing HJ, Xue CY, Wu J. Medium- and long-chain fatty acid triacylglycerol reduce body fat and serum triglyceride in overweight and hypertriglyceridemic subjects. Zhonghua Yu Fang Yi Xue Za Zhi. 2009 Sep;43(9):765-71.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Intervenções Nutricionais - Parte 05 - Nível de treinamento

O nível de treinamento se mostra uma variável impactante na quantidade e duração da resposta anabólica após o treino de força. Comparados a indivíduos sedentários, pessoas treinadas apresentam tanto a síntese quanto a  degradação protéica atenuadas, resultando num menor turnover de proteínas (Phillips e colaboradores, 1999). 
A amostra do estudo de Tang e colaboradores (2008) treinou apenas uma perna por 8 semanas e a outra serviu como controle. Após a intervenção, uma sessão de treino provocou uma maior síntese protéica no membro não treinado, sendo que o treinado apresentou uma atenuação na duração (e não na magnitude). Com um desenho de estudo similar, Kim e colaboradores (2005) encontraram atenuação na síntese protéica na perna treinada, embora a síntese protéica miofibrilar permaneceu a mesma. Esse achado é similar ao de Wilkinson e colaboradores (2008), indicando um refinamento nas respostas das sessões de treino e uma maior eficiência na síntese protéica pós-exercício. 
Para umas revisão compreensível desse tópico e como o nível de treinamento afeta a resposta de síntese protéica e o seu curso, Damas e colaboradores (2015) realizaram uma revisão e concluíram que o treinamento não diminui a amplitude, mas a duração da resposta de síntese protéica. Essa informação pode nos dizer que, para maximizar a hipertrofia muscular em indivíduos treinados, deve-se ter muita atenção no período pós-treino quanto ao fornecimento de proteína.


Apesar dos inúmeros estudos relatando os benefícios da proteína nas respostas adaptativas ao treino de força, relativamente poucos estudos têm sido realizados para identificar se indivíduos treinados necessitam de maiores doses de proteína pós-treino ou diariamente em relação a indivíduos não treinados.
As informações existentes sugerem que atletas realizando períodos de treinamento intenso podem se beneficiar do aumento do consumo de proteína, melhorando a função do sistema imune (Witard e colaboradores, 2014). Além disso, os indivíduos que competem em levantamento de peso ou outros esportes, podem se beneficiar do aumento da ingestão protéica (Phillips e colaboradores, 2014). 
Contudo, como discutido no tópico anterior sobre as doses por refeição, as respostas de síntese protéica não aumentam muito com um consumo de 20 g ou 0,25 g/Kg peso corporal. Com isso, além de mais estudos envolvendo atletas nesse sentido, na prática, recomenda-se uma atuação multidisciplinar no planejamento do treino e dieta. 

Referências

Damas, F., Phillips, S., Vechin, F. C., and Ugrinowitsch, C. (2015). A review of resistance training-induced changes in skeletal muscle protein synthesis and their contribution to hypertrophy. Sports. Med. 45, 801–807. doi:10.1007/s40279-015-0320-0

Kim, P. L., Staron, R. S., and Phillips, S. M. (2005). Fasted-state skeletal muscle protein synthesis after resistance exercise is altered with training. J. Physiol. 568, 283–290. doi: 10.1113/jphysiol.2005.093708 

Phillips, S. M., Tipton, K. D., Ferrando, A. A., and Wolfe, R. R. (1999). Resistance training reduces the acute exercise-induced increase in muscle protein turnover. Am. J. Physiol. 276, E118–E124.

Phillips, S. M. (2014b). A brief review of higher dietary protein diets in weight loss: a focus on athletes. Sport. Med. 44, 149–153. doi: 10.1007/s40279-014-0254-y

Tang, J. E., Perco, J. G., Moore, D. R., Wilkinson, S. B., and Phillips, S. M. (2008). Resistance training alters the response of fed state mixed muscle protein synthesis in young men. Am. J. Physiol. Regul. Integr. Comp. Physiol. 294, R172–R178. doi: 10.1152/ajpregu.00636.2007

Wilkinson, S. B., Phillips, S. M., Atherton, P. J., Patel, R., Yarasheski, K. E., Tarnopolsky, M. A., et al. (2008). Differential effects of resistance and endurance exercise in the fed state on signalling molecule phosphorylation and protein synthesis in human muscle. J. Physiol. 586, 3701–3717. doi: 10.1113/jphysiol.2008.153916

Witard, O. C., Turner, J. E., Jackman, S. R., Kies, A. K., Jeukendrup, A. E., Bosch, J. A., et al. (2014b). High dietary protein restores overreaching induced impairments in leukocyte trafficking and reduces the incidence of upper respiratory tract infection in elite cyclists. Brain Behav. Immun. 39, 211–219. doi: 10.1016/j.bbi.2013.10.002

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Não tenho tempo para treinar... O que faço?

Esse post foi uma dica de quem acompanha meu trabalho, meus posts e também vejo essa queixa das pessoas na prática: como fazer uma atividade física com pouco tempo disponível?
Vamos ser sinceros, não existe falta de tempo, mas falta de organização da agenda.
- Primeiro que, quem é meu aluno ou já foi, sabe que sempre tento encaixar em algum horário do dia, caso tenha horários irregulares. Basta avisarem com certa antecedência (quando avisa em cima da hora, é por conta e risco de haver ou não horário disponível).
- Segundo, como já venho falado inúmeras vezes aqui no blog, um treino eficiente não precisa ser longo demais. Você não precisa ficar horas na academia, nem deve. Em torno de 40 minutos está ótimo. Já treinei alunos em 30 minutos (ou menos) por falta de tempo. E saíram do treino totalmente fatigados. Eu também já precisei treinar em meia hora. Então, tudo é questão de você conversar com seu professor/treinador e tentar adaptar seus horários e tempo disponíveis para o treino.


- Terceiro e uma das coisas mais difíceis: organização. Você precisa organizar seu dia para que possa treinar. Seja diminuindo o horário do almoço, seja levando tudo pronto para quando sair do trabalho. Por exemplo, deixe sempre uma roupa e tênis para treinar no carro ou no trabalho. Assim, caso você esqueça em casa, não precisará sabotar o treino, visto que terá uma reserva. Deixe pronto e leve alguma refeição ou shake pré-treino. E, se estiver muito cansado e hesitando em ir treinar, não deixe por menos, use-o. Assim, você se sentirá obrigado a ir treinar. 
Resumindo, o que vejo na prática é que a questão gira muito mais em torno de dar o pontapé, realizar algumas mudanças no dia-a-dia (mudanças sempre são difíceis, mas nada vem de graça) e conversar com um profissional que consiga gerenciar isso do que realmente falta de tempo.
Então, vamos treinar! Invista em você. Você é dono do seu tempo, não ele de você; gerencie-o!

Intervenções Nutricionais - Parte 04 - Ingestão de Proteínas e Carboidratos

A proposta da ingestão de carboidratos com proteínas é estimular a secreção de insulina e, assim otimizar a absorção dos aminoácidos. Realmente, a infusão local de insulina aumenta a síntese protéica (Hiller e colaboradores, 1998) e, quando se faz uma infusão de insulina com aminoácidos simultaneamente, há um aumento da síntese protéica e uma leve atenuação de sua degradação (Bennet e colaboradores, 1990), maiores do que a infusão ou de aminoácidos ou de insulina sozinhos.
Contudo, após um treino de força, a infusão de insulina não apresenta efeitos na síntese protéica, embora há uma leve supressão na sua degradação (Biolo e colaboradores, 1999). Børsheim e colaboradores (2004) encontraram o mesmo comportamento com a ingestão apenas de carboidratos após o treino de força, sem efeitos na síntese, mas uma atenuação na degradação protéica.


A coingestão de carboidratos com aminoácidos não provoca maiores efeitos no estímulo à síntese protéica, nem atenua sua degradação, caso a dose de proteína seja adequada (25 g) (Staples e colaboradores, 2011). Esses resultados indicam que, quando há uma dose adequada de proteína, a ingestão de carboidratos não provoca benefícios adicionais na síntese protéica. Provavelmente porque o aumento da secreção de insulina necessário para otimizar a síntese protéica seja muito baixo (Trommelen e colaboradores, 2015) (10-15 IU/mL), apenas 2 a 3 vezes os níveis basais para a maioria dos indivíduos saudáveis, o que é alcançado com uma pequena dose de proteína. Com baixas doses de proteína (por exemplo, menos que 0,25 g/kg peso corporal), a ingestão de carboidratos pode impactar a absorção protéica, aumentando os níveis de insulina e suprimindo a degradação de proteínas. 
Vale ressaltar que os autores não excluem a ingestão de carboidratos após uma sessão de treino de força para restabelecer os níveis de glicogênio muscular. Mas parece que, para otimizar a síntese protéica especificamente, uma ingestão adequada de proteínas já se mostra suficiente. 

Referências

Bennet, W. M., Connacher, A. A., Scrimgeour, C. M., Jung, R. T., and Rennie, M. J. (1990). Euglycemic hyperinsulinemia augments amino acid uptake by human leg tissues during hyperaminoacidemia. Am. J. Physiol. 259, E185–E194

Biolo, G., Williams, B. D., Fleming, R. Y. D., and Wolfe, R. R. (1999). Insulin action on muscle protein kinetics and amino acid transport during recovery after resistance exercise. Diabetes 48, 949–957. doi: 10.2337/diabetes.48.5.949

Børsheim, E., Cree, M. G., Tipton, K. D., Elliott, T. A., Aarsland, A., and Wolfe, R. R. (2004). Effect of carbohydrate intake on net muscle protein synthesis during recovery from resistance exercise. J. Appl. Physiol. 96, 674–678. doi: 10.1152/japplphysiol.00333.2003 

Hillier, T. A., Fryburg, D. A., Jahn, L. A., and Barrett, E. J. (1998). Extreme hyperinsulinemia unmasks insulin’s effect to stimulate protein synthesis in the human forearm. Am. J. Physiol. 274, E1067–E1074. 

Staples, A. W., Burd, N. A., West, D. W. D., Currie, K. D., Atherton, P. J., Moore, D. R., et al. (2011). Carbohydrate does not augment exercise-induced protein accretion versus protein alone. Med. Sci. Sports Exerc. 43, 1154–1161. doi:10.1249/MSS.0b013e31820751cb

Trommelen, J., Groen, B., Hamer, H., de Groot, L. C. P. G. M., and van Loon, L. J. (2015). Mechanisms in endocrinology: exogenous insulin does not increase muscle protein synthesis rate when administrated systemically: a systematic review. Eur. J. Endocrinol. 173, R25–R34. doi: 10.1530/eje-14-0902