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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Alimentos para crianças que fazem você pensar serem saudáveis

Os casos de obesidade entre crianças tem crescido assustadoramente nas últimas décadas. E doenças até então características de adultos, vêm aparecendo em crianças, como diabetes tipo 2.
Alimentação rica em gorduras saturadas e trans; além de carboidratos de alto índice glicêmico, conjugados com a inatividade física, são fatores que influenciam sobremaneira esse quadro.
No que se refere à alimentação, a indústria tenta "maquiar" alguns produtos como opção saudável, mas na verdade não o são. Fazem isso somente para agregar valor ao produto e torná-lo mais caro.
Segue uma lista de alguns produtos que querem fazer você acreditar que são saudáveis, mas não o são.

- Sobremesa láctea
Embora tenham a consistência de iogurte, não se engane. Não é uma opção saudável para seu filho. Possuem bem menos cálcio que os iogurtes, pouca proteína, muita gordura e aromas e corantes artificiais (correlacionados à alergias e hiperatividade). No lugar, substitua por uma mistura de iogurte natural com alguma fruta da preferência da criança. Caso queira adoçar, utilize açúcar mascavo.

- Bisnaguinha
Ela é super macia porque possui muita gordura hidrogenada. Além de ser feita com farinha branca e açúcar. Já há opções de bisnaguinhas integrais, mas tenham o mesmo cuidado que foi dito sobre os pães integrais.
Um produto que gostei muito foi o pão sírio 100% integral. Pode-se fazer mini pizzas com queijo de búfala ou minas light, molho de tomate e tomate cereja.


- Frozen yogurt
Seria uma opção bem mais interessante que o sorvete, mas muito cuidado. Alguns não utilizam a bebida láctea, mas sorvete à base de iogurte, onde aumenta bastante a quantidade de gordura saturada, aromatizantes e conservantes artificiais.

                                                          

- Empanados de frango
Esse produto é algo que deve ser banido ou utilizado muito esporadicamente. Eu chamo de "carne falsa", porque se utilizam partes nada nutritivas do frango (como a pele), farinha e leite em pó. Além de possuir bastante glutamato monossódico para realçar o sabor.
Substitua por ovo de codorna.


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Dia mundial de luta contra a Aids: Aplicação terapêutica da suplementação


Muito já se falou das propriedades da proteína do soro do leite nos ganhos de massa muscular e até na prevenção de doenças degenerativas cerebrais. Porém, nesse dia 1º de dezembro, vou me centrar num assunto que poucas pessoas se dedicam. Por ser hoje o Dia Mundial de Luta contra a AIDS, vou focar nos benefícios terapêuticos do whey para essa população.

A proteína do soro do leite (PSL), por possuir níveis consideráveis do aminoácido cistina se comparado a outras formas de proteína, pode atuar como um nutriente imunomodulador. Isso porque esse aminoácido fornece, após sua digestão, a formação ideal para a sequência glutamim-cistina, que é fundamental para a síntese de glutationa (Wu e colaboradores, 2004).


A glutationa atua de forma importante nos efeitos nocivos gerados por compostos estranhos, fazendo uma “varredura” nos radicais livres, além de estimular linfócitos que, por sua vez, irão gerar imunoglobulinas (Wu e colaboradores, 2004). Por exemplo, no estudo de Moreno e colaboradores (2006), observou-se um aumento na quantidade de eritrócitos e as taxas dos linfócitos CD4/CD8 se estabilizaram, diminuindo a ocorrência de infecções em crianças soropositivas com rápida progressão na infecção pelo vírus.

No estudo de Micke e colaboradores (2002) 30 pacientes utilizaram 45 gramas de whey protein durante duas semanas e 18 pacientes utilizaram durante 6 meses. Já nas primeiras duas semanas, os níveis de glutationa aumentaram e se mantiveram ainda maiores no sexto mês.

Os aumentos na massa corporal magra por si só já se tornariam um fator importante na suplementação de whey protein, quando aliada a um treino de força em pacientes soropositivos. Isso se torna evidente principalmente naqueles com grande perda de massa muscular e/ou com lipodistrofias causadas pela medicação. Porém, como visto, os benefícios também ocorrem no sistema imunológico, tornando a proteína do soro do leite não apenas um composto utilizado como suplemento, mas também como alimento.

Referências:

Micke P, Beeh KM, Buhl R. Effects of long-term supplementation with whey proteins on plasma glutathione levels of HIV-infected patients. Eur J Nutr. 2002 Feb;41(1):12-8.

Moreno YF, Sgarbieri VC, da Silva MN, Toro AA, Vilela MM. Features of whey protein concentrate supplementation in children with rapidly progressive HIV infection. J Trop Pediatr. 2006 Feb;52(1):34-8. Epub 2005 Jul 13.

WU, G. et al. Glutathione metabolism and its implications for health. Journal of Nutrition, v. 134, n.1, p. 489-492. 2004.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Variável de intensidade para platô no treino


Muitas pessoas que praticam treinamento de força (musculação) por algum tempo podem encontrar alguns "platôs", de onde não conseguem obter ganhos adicionais. Suas adaptações neurais e morfológicas estariam altamente desenvolvidas para seu padrão e, assim, o nível de adaptação aos estímulos é baixo (Fleck & kraemer, 2006). Há também aquelas pessoas que estão iniciando no treinamento e, apesar dos ganhos de força iniciais (que chegam a ser enormes, como 50% ou mais), não observam grandes ganhos de massa magra. Nesse último grupo é importante ressaltar que as adaptações iniciais se devem, principalmente, às neurais (recrutamento de unidades motoras, frequência de disparo de impulsos elétricos etc). Entre as 4-6 primeiras semanas de treinamento, os aumentos de força pouco se devem a hipertrofia muscular (adaptação morfológica). Após esse período, as adaptações morfológicas tendem a aumentarem e as neurais, diminuírem (Barroso e colaboradores, 2005).


English e colaboradores (2014) utilizaram uma variável de alta intensidade para verificar se ela alteraria, de alguma forma, as adaptações iniciais. Eles analisaram o efeito de diferentes níveis de contração excêntrica nas adaptações neurais e morfológicas em indivíduos nas fases iniciais do treinamento de força. Todos os grupos tiveram a carga na fase concêntrica constante, porém foram divididos, conforme a carga na contração excêntrica em 0% de 1 repetição máxima (1 RM); 33% 1Rm, 66% 1 RM, 100% 1RM e 138% 1 RM. 
O aumento de força no teste de 1RM foi igual nos grupos de 100% e 138%, que, por sua vez, foi maior que o restante dos grupos. A massa muscular aumentou somente no grupo de 138%.
Com isso, observamos que, se o objetivo for apenas aumento dos níveis de força, não haveria vantagens em se utilizar acima de 100% 1Rm na fase excêntrica do movimento. Porém, utilizar essa variável de alta intensidade para aumentos de massa magra, parece ser uma boa conduta. Há bastante tempo, culturistas profissionais utilizam essa técnica para quebrarem algum platô. De qualquer maneira, ela não pode ser feita sem periodização e planejamento. Variáveis de alta intensidade utilizadas indiscriminadamente pode levar o organismo a overtraining e causando o efeito contrário, perda de massa muscular. Por isso, consulte sempre um profissional.

Bons Treinos!

Referências

Barroso, R.; Tricoli, V.; Ugrinowitsh, C. Adaptações neurais e morfológicas ao treinamento de força com ações excêntricas. R. bras. Ci e Mov. 2005; 13(2): 111-122.

English KL1, Loehr JA, Lee SM, Smith SM. Early-phase musculoskeletal adaptations to different levels of eccentric resistance after 8 weeks of lower body training. Eur J Appl Physiol. 2014 Nov;114(11):2263-80. doi: 10.1007/s00421-014-2951-5. Epub 2014 Jul 22.

Fleck, S.; Kraemer, W. J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 3º ed. Porto Alegre – RS, Artes Médicas, 2006.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Reportagem da Revista Veja sobre Whey Protein


Uma das coisas que fico mais perplexo na área da atividade física e nutrição é o terrorismo que a imprensa gosta de fazer com relação a atividades físicas de alta intensidade e suplementação. Mais perplexo ainda fico com as opiniões omitidas pelos profissionais que esses meios de comunicação consultam.

Recentemente, na revista Veja, foi publicada uma matéria com o título "Whey protein: saiba quando o suplemento faz mal à saúde" (clique aqui para vê-la na íntegra). Parece que a matéria foi escrita há, pelo menos, 15 anos. E pior, não bastasse os comentários totalmente defasados, algumas informações estão completamente erradas!
Os meios de comunicação deveriam comparar quantas pessoas morrem por ano devido ao consumo de whey protein, Bcaa, glutamina com as que morrem devido ao tabaco, alto consumo de sal, gorduras saturadas, carboidratos refinados etc.
Novamente, como sempre faço, não vou colocar minha opinião, mas o que a ciência está dizendo a respeito.

"O consumo excessivo do suplemento que é sensação nas academias pode causar efeitos colaterais como acne e pedras nos rins.
(...) O organismo necessita de 1 a 1,4 grama de proteína por quilo de peso por dia para desempenhar todas as suas funções e promover o crescimento muscular. Uma quantidade superior a essa, adquirida pela alimentação ou pelo whey protein, não oferece nenhum benefício ao corpo. “O consumo superior de proteína só é necessário para atletas de alta performance, que praticam atividade física muito intensa.”

Qualquer excesso de proteína pode causar danos nos rins em pessoas predispostas. Caso você coma todos os dias numa churrascaria, além de danos nos rins, você ainda pode ficar com colesterol e triglicerídeos altos. Isso suplementando ou não com whey protein, logo atribuir ao whey protein por si danos renais é, no mínimo, terrorismo.
A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte recomenda a ingestão de 1,6-1,7 gramas de proteína por quilo do peso corporal por dia (Hernandez e cols, 2009).
Veja que o whey protein não causa alterações na função renal nem em idosos (clique aqui).
Além disso, a profissional ao restringir o uso de whey protein somente aos que treinam em alta intensidade, exclui todos a todos os outros praticantes de atividade física os benefícios da suplementação. Como diminuição do catabolismo protéico (clique aqui), manutenção da massa magra e maior perda de gordura durante o processo de emagrecimento (clique aqui) e em pacientes soropositivos (clique aqui). 
O aparecimento de acne parece não estar associado ao whey por si. Por exemplo, a maioria das pessoas que usam whey, fazem musculação. E essa é uma atividade que provoca aumentos nos níveis de testosterona, sabidamente causadora de acne. Alguns produtos possui altos níveis de vitamina B12, além de outros conservantes que podem contribuir para o aparecimento de acne.

"O whey oferece apenas um tipo de aminoácido, o que não é o ideal para o crescimento muscular. “Num prato de comida, por exemplo, você pode encontrar até onze tipos de aminoácidos. Por isso, a proteína obtida pela alimentação é mais saudável e até melhor para a regeneração muscular do que a do whey”, afirma Claudia Cozer, endocrinologista e coordenadora do Núcleo de Obesidade e Transtornos Alimentares do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo."

Dentre todas as afirmações de "especialistas" sobre whey protein, essa foi a mais absurda que já vi até hoje! Desde quando a proteína do soro do leite tem apenas UM aminoácido?
Segundo Haraguchi e cols (2006), o whey protein possui alto valor nutricional, contendo alto teor de aminoácidos essenciais, especialmente os de cadeia ramificada (Bcaas), além de apresentar alto teor de cálcio e de peptídeos bioativos do soro.
Não somente a ingestão de proteína por si otimiza a hipertrofia muscular. A ingestão de aminoácidos essenciais, especialmente a leucina (aminoácido abundante na proteína do soro do leite), estimulam a síntese proteica (Anthony e cols, 2001; Kimball, 2002). Devido a isso, o whey protein torna-se um bom suplemento para estimular a síntese protéica.
Segue abaixo uma análise do aminograma do whey protein, demonstrando que não há apenas um tipo de aminoácido:

                          Ziegler e cols, 2009



Referências: 

Anthony JC, Anthony TG, Kimball SR, Jefferson LS. Signaling pathways involved in translation control of protein synthesis in skeletal muscle by leucine. J Nutr. 2001; 131(3):856s-60s.

Hernandez AJ, Nahas RM, Rodrigues T, Meyer F, Zogaib P, Lazzoli JK, et al. Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Rev Bras Med Esporte. 2009;15.

Kimball SC. Regulation of global and specific mRNA translation by amino acids. J Nutr. 2002; 132(5):883-6.

Ziegler, Fabiane La Flor; Valdemiro Carlos Sgarbieri. Caracterização químico-nutricional de um isolado protéico de soro de leite, um hidrolisado de colágeno bovino e misturas dos dois produtos. Rev. Nutr. vol.22 no.1 Campinas Jan./Feb. 2009   

sábado, 15 de novembro de 2014

Perda de gordura localizada!

Já havia discutido no blog sobre os benefícios da yohimbina para eliminar aquelas gorduras chatinhas, localizadas, difíceis de sair (clique aqui). Porém, muitas pessoas não possuem uma boa tolerância na administração via oral, apresentando ansiedade e, com isso, aumento da pressão arterial e frequência cardíaca. Por isso questiono se os aumentos da PA e FC registrada em alguns estudos se deve à yohimbina por si ou devido à ansiedade desencadeada.
Então, alguns estudos investigam a eficácia quando a yohimbina é aplicada através de soluções tópicas, como cremes. Um dos estudos mais antigos é o de Greenway & Bray (1987), onde aplicaram o creme em mulheres obesas que estavam em dieta de restrição calórica. Todas aplicaram o creme numa coxa e o placebo em outra. Sem efeitos colaterais, houve uma diminuição maior na coxa onde foi aplicada a yohimbina. Os mesmos autores, mas em 1995, demonstraram que uma mistura de forskolina, yohimbina e aminofilina provocou maior perda de gordura localizada e diminuição da celulite em mulheres com sobrepeso. Tanto solução tópica quanto aplicação local foram eficazes.



Caruso e colaboradores (2008), analisou o que chama-se de in vitro, ou seja, diretamente numa célula adiposa humana, o efeito da yohimbina, aminofilina, isoproterenol e lidocaína. A lidocaína inibiu a mobilização dos triglicerídeos (gordura), logo o autor considera descartar essa substância em soluções para queima de gordura. Os outros componentes estimularam a lipólise, sendo potencializados quando se fez algumas combinações entre os mesmos.
Vemos aqui que a yohimbina se torna uma alternativa interessante e não invasiva no tratamento da gordura localizada. Mas não se esqueça que os grandes aliados em todo processo é atividade física e dieta alimentar. Além de consultar algum profissional da área.
Bons treinos!            

Referências
Caruso MK, Roberts AT, Bissoon L, Self KS, Guillot TS, Greenway FL. An evaluation of mesotherapy solutions for inducing lipolysis and treating cellulite. J Plast Reconstr Aesthet Surg. 2008 Nov;61(11):1321-4

Greenway FL, Bray GA. Regional fat loss from the thigh in obese women after adrenergic modulation. Clin Ther. 1987;9(6):663-9.

Greenway FL, Bray GA, Heber D. Topical fat reduction. Obes Res. 1995 Nov,3.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Quantidades de gordura e açúcar em "junk food"

Quando algum aluno meu emagrece e acha pouco 3, 4 Kg somente de gordura, ou vai comer algo que não deve e não tem noção do malefício do alimento, peço para visualizarem as quantidades de gordura como óleo puro e as de açúcar como ele em pó. 
Vejam esse vídeo e visualizem a quantidade de gordura e açúcar em alguns alimentos.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Bolinho que queijo de búfala

Mais uma receita fit aos leitores do blog, dessa vez o bolinho de queijo com massa integral de arroz e chia. Além das fibras, regulação da glicemia, temos propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias!

300 gramas de arroz integral cozido
5 colheres de farinha de chia
3 ovos inteiros
Queijo de búfala em bolinhas.


Bata no processador o arroz com os ovos. Após formar uma massa homogênea, acrescente as 5 colheres de farinha de chia e bata novamente. Coloque a massa num recipiente.
Cobra as bolinhas de queijo de búfala com a massa, de maneira que fiquem redondas.
Coloque no forno médio por 20, 30 minutos, mas vá observando se não há queijo vazando pela massa.



Bom apetite

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Reportagem do Fantástico sobre whey protein e Função Renal

Muitos leitores viram a matéria que foi transmitida pelo programa Fantástico, da Rede Globo de televisão, sobre a avaliação de algumas marcas de whey protein.

Acredito ser muito válido esse tipo de iniciativa, porque muitas vezes o barato sai caro. Esse tipo de avaliação já foi feita e publicada antes do Fantástico, vejam aqui:



Estava tudo indo muito bem até o final da reportagem, onde uma nutricionista diz que whey protein provoca danos renais e só pode ser usado por atletas que treinam numa intensidade muito alta. Como uma rede de televisão como a Globo coloca uma profissional para ter uma posição tão retrógrada.
Vou mostrar a vocês um texto que publiquei aqui há algum tempo, não com minha opinião ou de qualquer outra pessoa, mas ESTUDOS publicados em revistas de impacto internacional. Uma prática profissional baseada em evidências protege a população contra "achismos".
Veja que o whey protein não causa alterações na função renal nem em idosos (clique aqui).
Além disso, a profissional ao restringir o uso de whey protein somente aos que treinam em altíssima intensidade, exclui todos a todos os outros praticantes de atividade física os benefícios da suplementação. Como diminuição do catabolismo proteíco (clique aqui), manutenção da massa magra e maior perda de gordura durante o processo de emagrecimento (clique aqui) e até em pacientes soropositivos (clique aqui)
Os indivíduos que apresentam tendência a apresentar alterações renais e utilizam suplementos não é devido ao uso do whey em si, mas em decorrência da ingesta diária TOTAL de proteína. Logo, se você almoça e janta todos os dias numa churrascaria e possui tendência a apresentar problemas renais, isso poderá ocorrer não pelas simples 20, 25 gramas de proteína do whey, mas em decorrência da ingesta de proteína diária, aliada a muita gordura (podendo prejudicar o fígado) e sal.
Então, profissionais da saúde, não culpem o whey protein pela péssima alimentação da população.

Veja a reportagem do Fantástico



quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Vantagens de se treinar pernas


Uma das maiores reclamações, principalmente de homens quando se está treinando é a dificuldade de treinar membros inferiores. Concordo plenamente que é o treino mais árduo quando se treina em alta intensidade. Você sai completamente exaurido.
Porém, podemos obter diversos benefícios, inclusive para outras partes do corpo. Vamos lá então:
- Como comentei, é o treino mais árduo e cansativo. Logo, depois desse estresse, o corpo necessita de energia para recuperação muscular. Por isso, para quem quer emagrecer, é um dos melhores treinos, devido à aceleração do metabolismo. Ou seja, você queima mais calorias após o treino.
- Engana-se quem acha que membros inferiores bem desenhados não chamam atenção. Além disso, proporcionalidade é algo muito bem-vindo num físico de qualidade.
- Para quem possui tendência a varizes ou passa muito tempo na mesma posição (de pé ou sentado): treino de membros inferiores é uma das melhores maneiras de tornar o retorno venoso mais eficiente.
- E, por fim, para aumento de massa muscular e não somente de membros inferiores. Isso mesmo! Geralmente os exercícios de membros inferiores são um dos que possuem maiores respostas hormonais anabólicas. Os hormônios são liberados na corrente sanguínea e possuem ação sistêmica. Há um efeito indireto sobre os outros músculos do corpo, afinal, se você consegue agachar com um bom peso, seu corpo deve se adaptar para tal.. Como dizia Arthur Jones, criador do método de alta intensidade (HIT): se quiseres ser forte, treine pernas!
Então, pessoal! Dediquem-se da mesma maneira com que fazem peitos ou bíceps nos treinos de pernas e verão boas diferenças.

Mike Mentzer, culturista treinado por Arthur Jones, realizando agachamaneto.


terça-feira, 10 de junho de 2008

Cardiopatias e Treinamento de Força

Cardiopatias e Treinamento de Força - Revisão de Literatura

Introdução

O desenvolvimento tecnológico decorrente da industrialização, a formação e a urbanização das grandes metrópoles trouxeram conseqüências, ligadas diretamente à saúde da população. Uma comunidade que, outrora, era naturalmente dinâmica, e sujeita a poucos fatores estressantes, passa a conviver com problemas relacionados com a inatividade física, dentre eles, a obesidade, a hipercolesterolemia, a ansiedade e a hipertensão arterial.
Grande ênfase tem-se dado às medidas, não farmacológicas, de mudanças dos hábitos de vida para prevenção e controle dos níveis tensoriais elevados, que devem ser implementadas para todos os hipertensos, mesmo aqueles em uso de droga. Dentre essas medidas, vem se destacando a prática regular de exercícios físicos, componente importante na melhoria da qualidade de vida. Estudos constataram uma menor morbidade e mortalidade, por doenças do sistema cardiovascular, em indivíduos treinados fisicamente, com benefícios evidentes no subgrupo de hipertensos. Essas medidas não devem ser acrescentadas apenas no grupo de hipertensos, mas em outras cardiopatias. Tendo isso em vista, o objetivo desse artigo é revisar artigos que abordem o treinamento de força e seus possíveis benefícios em indivíduos cardiopatas.

Hipertensão Arterial

Segundo Wilmore e Costill (1), hipertensão (elevada pressão arterial) é definida como uma pressão arterial cronicamente aumentada. Em geral, a linha divisória entre a pressão normal e a hipertensão está situada em 140/90 mmHg (tabela 1).
A pressão diastólica é, normalmente, o principal índice de hipertensão, embora pressões sistólicas acima de 140 mmHg não estejam necessariamente associadas a doenças.
A fisiopatologia da hipertensão não é bem compreendida e pode ser decorrente de:
1) fatores genéticos;
2) ingestão excessiva de sódio;
3)obesidade;
4) resistência à insulina;
5) inatividade física;
6) estresse psicológico;
7) uma combinação desses fatores;
8) outros fatores que devem ser substanciados ou identificados.
A hipertensão faz com que o coração trabalhe mais intensamente do que o normal, visto que ele tem de expelir o sangue do ventrículo esquerdo contra uma maior resistência. Há também a imposição de uma grande tensão sobre as artérias e as arteríolas sistêmicas. Cronicamente, esse estresse pode fazer que o coração aumente de tamanho e as artérias e arteríolas apresentem cicatrizes, endureçam e tornem-se
menos elásticas, podendo levar à arteriosclerose, ao infarto do miocárdio, à insuficiência cardíaca, ao acidente vascular cerebral e à insuficiência renal.


Durante muito tempo, os indivíduos hipertensos eram desencorajados a participarem de programas de treinamento de força, devido a uma obstrução do fluxo sangüíneo durante contrações musculares estáticas (2). Porém, recentemente, exercícios de força vêm ganhando atenção, principalmente os que possuem períodos de intervalos, não obstruindo assim, continuamente, o fluxo sangüíneo; além de outras vantagens desse tipo de treino, como aumentos na força e na resistência muscular, melhoras na composição corporal (3).
Com isso muitas pesquisas foram e são realizadas nessa área, somando-se ainda ao fato que o treino de força possui variáveis que, dependendo da forma como são manipuladas, pode trazer benefícios semelhantes a atividades aeróbicas, incluindo resistência cardiorrespiratória (4). Nesse contexto se encaixa o treinamento de força em circuito (TFC), que foi definido por Gettman et al. (5) como a performance de várias repetições utilizando uma moderada quantidade de peso de um modo contínuo, movendo-se de uma estação a outra com um mínimo de intervalo entre as estações. Muitos estudos demonstram que o TFC provoca adaptações positivas na força muscular, composição corporal e um potencial incremento na capacidade aeróbica (5).
Segundo o estudo de Harris e Holly (6), o TFC possui vários benefícios com o mínimo de risco, inclusive para indivíduos com pressão arterial (PA) elevada. Nesse estudo foi avaliada a eficácia e a segurança do TFC em indivíduos normotensos. Os indivíduos treinaram 3 vezes por semana, durante 9 semanas. O treino era composto por 3 séries em 10 estações, a 40% de 1 repetição máxima (RM). O estudo contou com 26 indivíduos sedentários (10 no grupo de exercício – EX – e os 16 restantes no grupo controle – CTL). Foram avaliados a composição corporal (densitometria e somatometria – dobras cutâneas), consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.) de modo indireto (esteira e ergômetro de braços), força máxima, PA e Freqüência Cardíaca (FC) após 5 minutos sentado em repouso.
No grupo EX, nos exercícios supino e leg press, houve um aumento de 12,3 e 53,0% na força máxima, respectivamente e o quilagem total por circuito aumentou 57,0%. O peso corporal e a massa magra aumentaram 1,2 e 2,2%, respectivamente, enquanto a soma das dobras cutâneas diminuiu 9,3%. O VO2 máx. (avaliado em esteira), quando expresso de maneira absoluta, aumentou 11,4% e 7,8% quando expresso de maneira relativo ao peso corporal e 6,7% quando relativo à massa magra. O VO2 máx. avaliado no ergômetro de braço, expresso de forma absoluta, aumentou 21,1%. A FC de repouso aumentou 36%, a PA sistólica aumentou 4% (estatisticamente insignificante) e a PA diastólica diminuiu 7%. No grupo controle, nenhuma mudança significativa foi obtida em todos os aspectos avaliados. Durante os períodos de treino, a PA sistólica e diastólica não excederam 190 e 106 mmHg, respectivamente e foi encontrado um pico na FC de 192 batimentos.minuto-1 nos indivíduos.



Buck e Donner (7) relatam que indivíduos que possuem, em suas atividades diárias, um maior componente isométrico apresentam uma menor probabilidade de vir a apresentar hipertensão arterial.
Levando em consideração essa informação, Wiley e colaboradores (8) propuseram um estudo em que foram avaliados os efeitos de contrações isométricas (em exercício de contração de mãos) em indivíduos com PA normal e em normotensos. O grupo dos indivíduos saudáveis (estudo 1), com PA em níveis normais, contava com 10 indivíduos (8 terminaram o estudo) e o grupo controle também contava com 10 indivíduos (7 terminaram o estudo). As medidas de PA eram aferidas após 10 minutos após os voluntários terem sentado, em repouso e 5 minutos após o início do exercício de contração de mãos. A carga do grupo que realizou o exercício era de 30% da contração voluntária máxima (teste realizado num dinamômetro específico) no braço dominante e a contração durava 2 minutos, repetidas 4 vezes, com 3 minutos de descanso entre as contrações. Foi avaliada a PA nos últimos 20 segundos de contração na primeira e na quarta série, para verificar a magnitude do aumento da PA. Os exercícios eram realizados 3 dias por semana durante 8 semanas. Para os indivíduos normotensos (estudo 2), obteve-se 10 voluntários (todos terminaram o estudo). A carga das contrações foi de 50% da contração voluntária máxima, alternado os braços, que durava 45 segundos, com 1 minuto de intervalo entre cada série, que foram em número de 4. As sessões eram realizadas 5 vezes por semana durante 5 semanas (até completar 24 sessões). Os procedimentos de mensuração de PA e contração voluntária máxima foram iguais ao estudo 1. Além disso, apenas no estudo 2, a PA também foi medida após 5 semanas de destreino.
No estudo 1, a PA sistólica de repouso diminuiu de 134,1 (±0,95) mmHg para 121,4 (±1,34) mmHg e a PA diastólica diminuiu de 86,5 (±2,78) para 71,6 (±3,50) mmHg. No estudo 2, a PA sistólica diminuiu de 127,0 (±2,28) mmHg para 117,5 (±2,23) e retornou a 126,8 (±1,84) no destreino. A PA diastólica declinou de 86,6 (±1,85) para 77,4 (±1,49) e retornou a 86,6 (±1,34) no destreino.
Segundo o autor, dois estudos demonstram que a PA durante breves esforços isométricos não aumenta a níveis que comprometam a segurança dos praticantes. Além disso, o treino de força produz modificações favoráveis m fatores de risco para doença coronariana, incluindo perfil lipídico e PA.
Em ambos os estudos ocorreu um declínio da PA em repouso, porém no estudo 2, observa-se que o efeito hipotensivo do treino foi reversível em um período similar ao tempo em que os efeitos foram alcançados.
A meta-análise de Kelley (9), que contou com estudos publicados entre Janeiro de 1966 e Dezembro de 1995, apresentou um total de 9 estudos, num total de 259 indivíduos (144 no grupo de exercício – GE – e 115 no grupo controle – GC, dos quais aproximadamente 79% e 72%, respectivamente, eram homens), com idades variando de 20 a 72 anos (média de 40 ± 17 anos para o GE e de 41 ±17 anos para o GC), não mostrando diferenças significativas entre o GE e o GC. Os grupos também não se diferiram entre outras características, como composição corporal, VO2 máx e FC de repouso. As características dos programas variaram de 6 a 26 semanas, de 3 a 6 dias por semana, de 1 a 3 séries, de 5 a 25 repetições (Tab 2). Poucos estudos relataram o tempo de descanso entre as séries. A PA sistólica variava de 113.30 to 148.12 mmHg (média de 132,71 ±11,27 mmHg) e a PA diastólica variava de 69.0 to 95.80 mmHg (média de 82,28 ±10,62 mmHg).
Os resultados de PA demonstraram um declínio médio de –4,55 ±5,69 mmHg para a PA sistólica e de –3,72 ±3,46 mmHg, com uma variação desse declínio entre –0,18 para –8,93 e entre –1,06 e –6,38, respectivamente (Tab 3).
O estudo de Taylor (10), no qual além da mensuração da PA e FC, foi avaliada também a modulação do controle autonômico (relação entre o tônus simpático e o vagal). O estudo contou com 17 sujeitos (10 homens e 7 mulheres), divididos em grupo de exercício (GE; n= 9) e grupo controle (GC; n= 8) e todos eram diagnosticados hipertensos (PA sistólica ³ 140 mmHg e PA diastólica ³ 85 mmHg). O treino isométrico de contração de mãos foi feito 3 dias por semana durante 10 semanas, consistindo em 2 minutos de contrações isométricas a 30% da contração voluntária máxima (avaliada em dinamômetro) com as duas mãos e o período de repouso entre as séries foi de 1 minuto.



A PA sistólica diminuiu no grupo treinando de 156 ±9.4 mmHg para 137 ±7.8 mm Hg e a PA diastólica mostrou um declínio não significativo, passando de 82 ±9.3 mm Hg to 75 ±10.9 mmHg. A PA média mostrou um declínio de 11 mmHg (de 107 ±8.53 mm Hg para 96 ±8.7 mm Hg). O GC mostrou reduções na PA, porém menores que no GE. Para PA, a relação entre tônus simpático e tônus vagal mostrou um declínio significativo do tônus simpático.
O GE não apresentou modificações na FC de repouso, porém o GC apresentou um aumento. Para a FC a relação entre o tônus simpático e o tônus vagal apresentou uma tendência de aumento no tônus vagal, porém estatisticamente não significante. Não obstante o grupo controle apresentou uma tendência oposta.

Insuficiência Cardíaca Congestiva
Pacientes com insuficiência cardíaca congestiva (ICC) apresentam uma diminuição de força muscular o que limita a qualidade de vida desses indivíduos (11). Além do declínio da força, esses pacientes apresentam debilitados quanto ao VO2 máx.. Embora muitos programas de reabilitação tenham se focado em exercícios de endurance, o treino de força tem chamado a atenção por poder ser, quando progressivamente adaptado, possível e seguro de ser aplicado a esse tipo de população (11).
Devido a isso, Delagardelle e colaboradores (11) estudaram os efeitos de um treino aeróbico contra os efeitos de um treino combinado (treino de força e aeróbico). O estudo contou com 20 pacientes clinicamente estáveis com ICC, dos quais 10 pertenceram ao grupo aeróbico (GA) e 10 ao grupo combinado (GC). Foram avaliados a PA, o VO2 máx. (teste indireto em bicicleta, onde os gases também foram analisados), função ventricular (diâmetro ventricular esquerdo, insuficiência mitral, fração de ejeção ventricular) e lactato sangüíneo (no período de repouso, entre os 3 minutos de descanso e no pico do VO2 máx.) e a força máxima nos extensores e flexores de joelho (em dinamômetro a 180º.s-1). Foi feito também um teste de resistência, com séries acima de 20 repetições.
O treino de GA foi realizado num ciclo ergômetro. Foi utilizado um regime de treinamento intervalado, com intervalos de 2 minutos a 50% do VO2 máx., seguido de intervalos de 2 minutos a 75% do VO2 máx., respectivamente, totalizando 40 minutos.
O GC combinou 20 minutos exercício aeróbico em bicicleta antes do treino de força, seguido de mais 20 minutos de treino de força. O treino aeróbico também foi realizado com intervalos de 2 minutos a 50% do VO2 máx. e seguido de mais 2 minutos a 75% do VO2 máx.. Para o treino de força foi realizado teste de 1 repetição máxima (RM). O treino consistia em 10 repetições a 60% de 1 RM. Cada repetição durava cerca de 6 segundos (3 segundos em cada fase – excêntrica e concêntrica).
Os pacientes participantes do estudo tinham saído do hospital a, pelo menos, 6 semanas e treinaram para o estudo durante 40 sessões.
O VO2 máx. aumentou 8% no GC e permaneceu inalterado no GA. O pico de lactato aumentou 25% no GC, considerando que houve um declínio no GA. Em ambos os grupos, a capacidade de trabalho aumentou 10%. A fração de ejeção ventricular aumentou 11% no GC e diminuiu 11% no GA. O diâmetro médio ventricular esquerdo diminuiu 3% no GC e aumentou 4% no GA. A insuficiência mitral foi moderada em 4 pacientes (dois em cada grupo) e média nos pacientes restantes.

Insuficiência Cardíaca Crônica
A insuficiência cardíaca crônica (ICCr) é caracterizada por uma miopatia do músculo esquelético e conduz a anormalidades esqueléticas como uma perda ou atrofia de fibras do tipo I, diminuição da capacidade enzimática oxidativa e da densidade mitocondrial, da força e resistência muscular. Há uma atrofia específica de fibras do tipo I, fazendo com que o recrutamento das fibras do tipo II ocorra mais precocemente, ocasionado uma intolerância geral ao exercício.
Segundo Pu et al. (12), pacientes com insuficiência cardíaca crônica são comparáveis a mulheres idosas com outras doenças crônicas, com prejuízo funcional e sem diagnóstico clínico ou sintomas físicos de insuficiência cardíaca crônica. Com isso, seu estudo contou com 16 mulheres idosas (65 anos ou mais), comparadas com 80 mulheres (de mesma idade) com insuficiência cardíaca crônica, apresentando média, moderada e estável insuficiência cardíaca sistólica, randomizadas para o grupo de treino e para o grupo controle. Essa população foi submetida um treinamento progressivo de força a 80% de 1 RM em equipamentos de resistência pneumáticos. Eram realizadas 3 séries de 8 repetições, sendo que cada repetição durava cerca de 6 a 9 segundos, com 2 a 3 segundos de descanso entre as repetições e de 60 a 90 segundos de descanso entre as séries. Entre cada exercício havia um tempo de descanso de 1 a 3 minutos. Antes da sessão, os sujeitos realizavam um aquecimento de 2 minutos caminhando na esteira ou pedalando num ciclo ergômetro e 5 minutos de alongamento. O grupo placebo realizava exercícios de alongamento. O treino foi realizado durante 10 semanas.
Foram avaliados pré e pós-treino a capacidade geral de exercício (6 minutos de caminhada para verificar a distância), metabolismo e histologia muscular (biópsia muscular), VO2 máx. (de forma indireta), 1 RM, massa muscular total (estimada através da excreção de creatinina durante 24 horas) e a função cardíaca (função ventricular).
As mulheres com ICCr apresentaram menor força e massa muscular que as mulheres sem ICCr nos músculos da perna, depois de se ter ajustado por idade e número de doenças crônicas. O VO2 máx. foi levemente menor (mas sem significância estatística) nas mulheres com ICCr. Também foram menores nas mulheres com ICCr a capacidade geral de exercício, a média de fibras do tipo I por área e a excreção de creatinina.
Os teste de seis minutos de caminhada aumentou substancialmente após o treino, significativamente relacionado com a proporção e área de fibras do tipo I, com a força e resistência dos extensores de joelho e com a capacidade enzimática oxidativa.
A força e resistência muscular aumentaram em todos os músculos treinados. Houve uma tendência, porém não significante, de aumento de massa muscular. A capacidade oxidativa muscular aumentou substancialmente.
As análises histológicas do músculo esquelético demonstraram uma predominância de fibras do tipo II e não houve uma modificação na distribuição do tipo de fibras após o treinamento. Houve um relativo aumento na área das fibras dos tipos I e II (porém não significante). Não foram observadas mudanças na função cardíaca.

Conclusão

Primeiramente, antes de discutir as mudanças da PA decorrente de um treino de força, tem-se de observar as diferenças quanto ao seu modo de aferição, visto que, por ser uma variável sujeita a flutuações, diferentes modos (sentado ou deitado) ou tempo de repouso podem provocar alterações entre um estudo e outro.
Segundo Harris e Holly (6), o treino de força em circuito pode produzir estimulo suficiente para melhoras na força muscular, na composição corporal e na resistência cardiorrespiratória, devido à baixa intensidade e o curto período de intervalo entre as estações.
O consumo de oxigênio, como esperado nesse tipo de treino aumentou. Verificou-se que os indivíduos trabalharam a 78,6% da FC máxima e a 63,2% do VO2 máx.. Segundo o autor, o aumento do VO2 máx. pode ter ocorrido devido ao aumento de massa muscular, visto que em teste de esteira, nesse estudo, aumentou 6,8% e em ergômetro de braço aumentou 25,1%, com um aumento de 2,2% da massa corporal magra. Porém, deve-se considerar o fato dos testes serem indiretos e, portanto o VO2 máx. dependerá do tempo em exercício, com isso a resistência muscular pode ser “mascarada” por um aumento no VO2 máx., assim como no teste com o ergômetro de braço, em que o próprio autor coloca que o aumento no VO2 máx. verificado nesse teste pode ser devido ao aumento de força e endurance dos membros superiores.
A diminuição da PA diastólica chama a atenção pelo fato do exercício poder ser considerado uma ferramenta “anti-hipertensiva”, sendo que o treinamento de força em circuito (TFC) produz efeitos semelhantes ao exercício aeróbico. Outro ponto proposto pelo autor foi o fato de fazer com que os indivíduos se familiarizassem com os equipamentos antes de iniciar o estudo, fazendo com que um componente psicológico tenha influenciado na diminuição da PA diastólica. Mas essa interpretação é pouco viável, visto as referências em outros estudos que apresentaram diminuições na PA diastólica ao final de um programa de TFC, sendo mais provável adaptações fisiológicas após 9 semanas de treinamento.
Embora foi encontrado um aumento na massa magra e uma diminuição na soma das dobras cutâneas, não houve um declínio significativo na massa gorda, talvez pelo período de treinamento, pois períodos de 8 a 10 semanas de treinamento produzem pequenas modificações na composição corporal; ou também isso pode ser explicado pelo pequeno gasto calórico no curto tempo do treino (6).
Wiley et al. (8) elucidam que, mesmo não realizando medidas para verificar o mecanismo, a diminuição da PA decorrente de um treinamento de força (no caso desse estudo, treinamento isométrico) pode-se dever a mecanismos relativos a produção cardíaca e à resistência total periférica. Embora o exercício de força produza pobres aumentos no VO2 máx. e tenha outras diferenças em relação ao treinamento aeróbico, há a possibilidade da geração de sinais fisiológicos similares que podem alterar o trabalho cardíaco e a resistência periférica. Por exemplo, a PA sistólica média aumenta em ambos os exercícios. Embora a PA diastólica possa diminuir, estabilizar ou aumentar levemente durante o exercício aeróbico, o aumento da PA sistólica é relacionada à intensidade do exercício e é freqüentemente elevada o bastante para aumentar a PA média significativamente durante o exercício. Essa repetida exposição a essa resposta pressórica, talvez sirva como um estímulo a reorganização barorreceptora. O fato de ambas as PA sistólica e diastólica aumentarem juntas, repetidamente, pode servir como um estímulo suficiente para gerar mudanças reflexas. Influências neurais na resistência periférica total pode trazer mudanças na integração central da informação aferente muscular. Além disso, influências independentes ou concomitantes de substâncias endócrinas ou de “falsos-hormônios”, ativadas durante o período de elevação pressórica ou estimulação muscular, podem influenciar no diâmetro do vaso e, assim, na resistência periférica total.
Segundo Kelley (9), embora os mecanismos de redução da PA devam ser mais especificamente pesquisados, é sugerido que isso se deva a: 1) diminuição dos níveis de noraepinefrina plasmática; 2) diminuição da resistência periférica total; 3) alterações na função renal.
Taylor ainda acrescenta nesses mecanismos a modulação autonômica central, com uma elevação do tônus vagal, sugerindo que em indivíduos hipertensos pode haver uma elevação na modulação simpática. Com isso, sugere que mudanças na influência neurais simpáticas influenciam a resistência vascular total.
Tendo em vista essas considerações, pode-se levantar uma hipótese, através de um ponto em que os autores sempre enfatizam é a diminuição da resistência periférica total, através do estresse de cisalhamento, pois há um aumento da ação no óxido nítrico (NO-), ocasionando uma vasodilatação dos vasos e por um mecanismo barorreflexo, uma diminuição da PA.
Em pacientes com ICC, um treinamento de força de três meses pode ser um tempo suficiente para causar adaptações conhecidas do treinamento de força, como: 1) aumento no recrutamento de unidades motoras e em sua freqüência de disparo (13); recrutamento preferencial de fibras de velocidade de contração rápida ; 3) hipertrofia muscular (14). Embora nenhum desses mecanismos foram diretamente medidos no estudo de Delagardelle e colaboradores (11), alguns achados indicam aumento de massa muscular e um recrutamento preferencial de fibras do tipo II, pois aumentos no pico de torque e na força muscular realmente dependem também da área de seção transversa e massa muscular. E finalmente, um significante aumento no pico de lactato no grupo de treino combinado e uma diminuição no pico na taxa de troca respiratória (RER) no grupo de treino aeróbico podem confirmar a hipótese.
Nesse mesmo estudo (11), o autor coloca que o aumento na força muscular parece estar relacionado com efeitos benéficos no grupo combinado na função ventricular esquerda e no pico de VO2 máx., confirmando o papel chave das anormalidades no músculo esquelético em indivíduos com ICC. As “hipóteses musculares” dessa síndrome propõem que as alterações no músculo esquelético podem não apenas gerar sintomas, mas também pode contribuir, via mecanismo reflexo, para futuras ativações neurohormonais e a progressão da síndrome. É importante ressaltar que força muscular, pico de torque e resistência muscular também aumentaram no grupo de treinamento aeróbico, porém parece que o treino combinado oferece um estímulo mais forte para alterar a musculatura. Um aumento na força muscular pode contribuir para atenuar as ativações neurohormonais e a progressão da ICC.
Em pacientes com ICCr, em que há uma atrofia das fibras do tipo I, o treinamento de força possuiu uma importante função no que se refere ao aumento da área dessas fibras, além disso também trouxe aumentos em outras variáveis do estudo, como força e resistência muscular, VO2 máx., capacidade enzimática oxidativa (12).
Nota-se que pacientes com ICC e ICCr apresentam anormalidades no tecido muscular que provocam uma sensível queda da capacidade funcional, limitando a realização de atividades diárias e aumentando o tempo de recuperação no tratamento dessas cardiopatias. Sendo que no estudo de Pu et al. (12) nenhum dos pacientes apresentaram respostas hemodinâmicas adversas durante o tempo de treinamento. Isso demonstra que o treino de força pode ter um papel positivo nos programas de reabilitação de cardiopatas, visto que essas anormalidades musculares que podem agravar ainda mais o estado do paciente. Além de trazer alterações positivas no próprio coração, como em pacientes com ICC, em que um treino de força combinado com o treino aeróbico levou a um aumento na fração de ejeção ventricular (12).
Além disso, não só o treinamento aeróbico, mas também o treinamento de força pode ser um meio não-farmacológico que pode contribuir para a diminuição da PA em hipertensos ou normotensos. Enquanto mudanças na resistência periférica total seja o mais provável mecanismo envolvido no declínio da PA, mudanças na atividade cardíaca não podem ainda serem descartadas como parte desse mecanismo (8). Embora a redução na FC de repouso nem sempre é observada em treinos de força, o volume de ejeção pode ser alterado, acarretando mudanças na atividade cardíaca.

Referências

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