Com relação ao emagrecimento, muito se discutia na
literatura sobre qual conduta seria mais eficiente: aeróbicos ou anaeróbicos?
Musculação ou aeróbicos de longa duração? Aeróbicos de longa duração ou de alta
intensidade ou intervalados?
Com as evidências científicas apontando para a maior
importância na dieta alimentar e gasto calórico, com a vantagem de que
musculação e intervalados de alta intensidade contribuem de forma mais positiva
para a preservação da massa magra (e, consequentemente, maior metabolismo de
repouso – clique aqui), outras dúvidas vêm à tona. No que se refere à gordura
abdominal subcutânea, qual seria o procedimento?
Infelizmente, alguns estudos demonstram que pessoas com
maior concentração de gordura na região abdominal possuem menor taxa de
oxidação de gordura, quando comparadas a pessoas com distribuição nos membros
inferiores ou nas extremidades (Isacco e cols, 2013; Isacco e cols, 2014).
Porém, boa parte dos estudos sobre gordura abdominal se referem à gordura visceral,
que se tornou um grande problema de saúde pública. Alta concentração de gordura
nessa região está correlacionada a diabetes, hipertensão, dislipidemias,
formando um quadro conhecido como Síndrome Metabólica. A conduta para esse tipo
de caso já foi discutida num post anterior (clique aqui).
E quando falamos especificadamente em gordura abdominal subcutânea? Como a
gordura visceral se tornou um problema de saúde pública, os estudos focam nesse
sentido. Entretanto, vamos ver o que alguns estudos dizem a respeito.
Lee e cols (2012) demonstraram que, numa intensidade maior
(70% VO2máx. versus 50% VO2máx.), a perda de gordura abdominal parece maior. Trapp
e cols (2012) demonstraram, num treinamento intervalado, maior perda de gordura
subcutânea na região do tronco e pernas. Noutro estudo, Jung e cols (2012) não
encontraram diferenças no que se refere a gordura abdominal entre exercícios de alta e baixa intensidade. Como nesse
estudo os pacientes eram diabéticos, esse fator pôde influenciar o padrão de
oxidação de gordura. Falo em padrão porque embora a taxa de oxidação de gordura
permaneça normal em diabéticos (Brun e cols, 2012), os peptídeos natriuréticos
(grupo de hormônios peptídeos secretados pelo coração com diversas funções,
entre elas o estímulo à lipólise), por exemplo, encontram-se com secreção
deficiente nessa população.
Ao que tudo indica, em pessoas normais, com acúmulo de
gordura subcutânea abdominal, os exercícios de alta intensidade parecem ser
mais eficientes na perda de gordura nessa região.
Referências
Brun JF, Malatesta D, Sartorio A. Maximal lipid oxidation during exercise: a target for individualizing endurance training in obesity and diabetes?
Isacco L, Thivel D, Duclos M, Aucouturier J, Boisseau N. Effects of
adipose tissue distribution on maximum lipid oxidation rate during exercise in
normal-weight women. Diabetes Metab. 2014 Mar 31.
Isacco L, Duche P, Thivel D, Meddahi-Pelle A, Lemoine-Morel S, Duclos M, Boisseau N. Fat mass localization alters fuel oxidation during exercise in normal weight women. Med Sci
Sports Exerc. 2013 Oct;45(10):1887-96.
Jung JY1, Han KA, Ahn HJ, Kwon HR, Lee JH, Park KS, Min KW.. Effects of
aerobic exercise intensity on abdominal and thigh adipose tissue and skeletal
muscle attenuation in overweight women with type 2 diabetes mellitus. Diabetes Metab J. 2012 Jun;36(3):211-21. doi: 10.4093/dmj.2012.36.3.211. Epub 2012 Jun 14.
Lee MG1, Park KS, Kim DU, Choi SM, Kim HJ. Effects of high-intensity exercise training on body composition, abdominal fat loss, and cardiorespiratory fitness in middle-aged Korean females. Appl Physiol Nutr Metab. 2012 Dec;37(6):1019-27.
Trapp EG, Chisholm DJ, Freund J, Boutcher SH. The effects of high-intensity intermittent exercise training
on fat loss and fasting insulin levels of young women. Int J Obes (Lond). 2008 Apr;32(4):684-91. doi: 10.1038
Schlueter N, de Sterke A, Willmes DM, Spranger J, Jordan J, Birkenfeld AL. Metabolic actions of natriuretic peptides and therapeutic
potential in the metabolic syndrome. Pharmacol Ther. 2014 Apr 27. pii: S0163-7258(14)00095-3. doi: 10.1016
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