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Muito se tem discutido na literatura há anos qual seria a
melhor conduta a ser seguida num programa de emagrecimento. Qual seria melhor:
exercícios aeróbicos, musculação? Dieta? Como seria essa dieta? O paradoxo é
que o número de publicações é interminável e cada vez mais a população se torna
obesa.
Minha conduta básica é conduzir o indivíduo a uma atividade
que goste e que consiga manter como hábito de vida. Tento fazer com que a
musculação se torne motivadora para quem não gosta. Mas vou deixar um pouco
isso de lado e centrar o texto sobre o que se tem pesquisado no que se refere a
emagrecimento na literatura científica nos últimos dois anos.
Quando se trata de pacientes obesos, realmente deve haver
uma combinação de exercícios aeróbicos e treino de força. Além da dieta, claro.
O exercício aeróbico, concomitantemente com uma dieta hipocalórica, contribui
para manter um balanço energético negativo. E o treino de força, além de
aumentar o metabolismo de repouso (quantidade de energia gasta enquanto você
descansa), ajuda a manter a massa magra e, com isso, evitar aumento de peso
rebote após o programa de emagrecimento.
De 147 a 87 quilos.
A grande aliada para a perda de peso realmente é a dieta. O
exercício sozinho não consegue promover um gasto calórico suficiente para gerar
um déficit energético em alguém com uma dieta desregrada. Obviamente, nos
estudos onde há a combinação de dieta e exercício, a perda de peso, gordura e
manutenção da massa magra são mais evidentes. Porém, nos grupos onde há apenas
dieta, ainda há perda de peso; nos grupos onde não há restrição calórica, mas
se mantém a atividade física, a perda de peso é insignificante.
Um achado muito interessante e recente é que a combinação de
dieta e exercício parece promover maior perda de gordura subcutânea (sob a
pele) que a dieta sozinha. No que se refere à gordura visceral, parece não
haver diferença significativa com ou sem exercício, mas a restrição calórica se
faz mais essencial. Ainda nesse sentido,
a atividade física aliada à dieta de restrição calórica altera a proporção da
perda de gordura, principalmente em torno da região lombar (L2 a L5), ou seja,
aquela gordura na parte inferior do abdômen.
Continuando na defesa da atividade física como conduta
indispensável para perda de gordura, outro achado recente e interessante. Há
uma correlação entre a proteína transportadora de testosterona (SHBG), controle
da glicemia e síndrome metabólica. Vale acrescentar que o controle da glicemia
e, consequentemente, dos níveis de insulina, tem um papel importante em
qualquer dieta de emagrecimento.
Um recente estudo, publicado em Janeiro demonstrou que o
treino de força (musculação) pode aumentar a SHBG e diminuir o cortisol
(hormônio de estresse que, cronicamente alto, é correlacionado a aumentos da
circunferência abdominal) após 12 semanas. Ou seja, a musculação parece ter
papel sinérgico na perda de gordura não apenas pelo aumento do metabolismo, mas
também através do controle da glicemia.
Claro que assim como o treino aeróbico e o treino de força
devem ser elaborados individualmente e periodizados por um profissional na área
da Educação Física. E fica claro, mais uma vez, a importância de se combinar dieta
e exercício, reforçando assim, trabalho multidisciplinar entre a nutrição e a
ciência do exercício.
Referências
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